Biblioteca de Alexandria

Biblioteca de Alexandria

Representação artística do interior da Biblioteca de Alexandria (século XIX)
País Reino Ptolemaico
República Romana
Império Romano
Tipo Biblioteca universal
Estabelecida século III a.C.
Localização Alexandria
Filial de Mouseion de Alexandria
Filiais Biblioteca do Serapeu de Alexandria
Acervo
Itens coletados papiro; códices
Tamanho 30 mil a 700 mil volumes
Acesso e uso
Membros Apolodoro de Atenas
Apolônio de Rodes
Apolônio Eidógrafo
Aristarco da Samotrácia
Aristarco de Samos
Aristófanes de Bizâncio
Arquimedes
Baqueu de Tânagra
Calímaco
Cláudio Ptolemeu
Ctesíbio
Dídimo Calcêntero
Diofanto de Alexandria
Dionísio da Trácia
Eratóstenes de Cirene
Estrabão
Euclides
Filão de Alexandria
Filão de Bizâncio
Herófilo
Heron de Alexandria
Hiparco
Papo de Alexandria
Teócrito
Zenódoto de Éfeso
Zeuxis de Tarento

A Biblioteca de Alexandria (em grego clássico: Βιβλιοθήκη τῆς Ἀλεξάνδρειας; em latim: Bibliotheca Alexandrina) foi uma das mais significativas e célebres bibliotecas e um dos maiores centros de produção do conhecimento na Antiguidade. Estabelecida durante o século III a.C. no complexo palaciano da cidade de Alexandria, no Reino Ptolemaico do Antigo Egito, a Biblioteca fazia parte de uma instituição de pesquisa chamada Museu. A ideia de sua criação pode ter sido proposta por Demétrio de Faleros, um estadista ateniense exilado, ao sátrapa do Egito e fundador da dinastia ptolemaica, Ptolemeu I Sóter, que, tal como o seu antecessor, Alexandre Magno, buscava promover a difusão da cultura helenística. Contudo, a Biblioteca provavelmente não foi construída até o reinado de seu filho, Ptolemeu II Filadelfo. Ela adquiriu um grande número de rolos de papiro, devido sobretudo às políticas agressivas e bem financiadas dos reis ptolemaicos para a obtenção de textos. Não se sabe exatamente quantas obras ela tinha em seu acervo, mas estima-se que ela chegou a abrigar entre trinta mil e setecentos mil volumes literários, acadêmicos e religiosos. O acervo da Biblioteca cresceu de tal maneira que, durante o reinado de Ptolemeu III Evérgeta, uma filial sua foi criada no Serapeu de Alexandria.

Além de servir à demonstração de poder dos governantes ptolemaicos, a Biblioteca teve um papel significativo na emergência de Alexandria como sucessora de Atenas enquanto centro irradiador da cultura grega. Muitos estudiosos importantes e influentes trabalharam nela, notadamente Zenódoto de Éfeso, que buscou padronizar os textos dos poemas homéricos e produziu o registro mais antigo de que se tem notícia do uso da ordem alfabética como método de organização; Calímaco, que escreveu os Pínakes, provavelmente o primeiro catálogo de biblioteca do mundo; Apolônio de Rodes, que compôs o poema épico As Argonáuticas; Eratóstenes de Cirene, que calculou pela primeira vez a circunferência da Terra, com invulgar precisão; Aristófanes de Bizâncio, que inventou o sistema de diacríticos gregos e foi o primeiro a dividir textos poéticos em linhas; e Aristarco da Samotrácia, que produziu os textos definitivos dos poemas homéricos e extensos comentários sobre eles. Além deles, existem referências de que a comunidade da Biblioteca e do Mouseion teria também incluído temporariamente numerosas outras figuras que contribuíram duradouramente para o conhecimento, como Arquimedes e Euclides.

Apesar da crença de que a Biblioteca teria sido incendiada e destruída em seu auge, na realidade ela decaiu gradualmente ao longo dos séculos, começando com a repressão de intelectuais durante o reinado de Ptolemeu VIII Fiscão. Aristarco da Samotrácia renunciou ao posto de bibliotecário-chefe e exilou-se no Chipre, e outros estudiosos, incluindo Dionísio da Trácia e Apolodoro de Atenas, fugiram para outras cidades. A Biblioteca, ou parte de sua coleção, foi acidentalmente queimada por Júlio César em 48 a.C., mas não está claro o quanto realmente foi destruído, pois fontes indicam que a Biblioteca sobreviveu ou foi reconstruída pouco depois. O geógrafo Estrabão menciona ter frequentado o Mouseion por volta de 20 a.C., e a prodigiosa produção acadêmica de Dídimo Calcêntero nesse período indica que ele teve acesso a pelo menos parte dos recursos da Biblioteca. Sob controle romano, a Biblioteca perdeu vitalidade devido à falta de financiamento e apoio, e a partir de 260 d.C. não se tem notícia de intelectuais filiados a ela. Entre 270 e 275 d.C. a cidade de Alexandria viu tumultos que provavelmente destruíram o que restava da Biblioteca, caso ela ainda existisse, mas a biblioteca do Serapeu pode ter sobrevivido mais longamente, talvez até 391 d.C., quando o papa copta Teófilo I instigou a vandalização e a demolição do Serapeu.

A Biblioteca de Alexandria foi mais que um repositório de obras, e durante séculos constituiu um notável polo de atividade intelectual. Sua influência pôde ser sentida em todo o mundo helenístico, não apenas por meio da valorização do conhecimento escrito, que levou à criação de outras bibliotecas nela inspiradas e à proliferação de manuscritos, mas também por meio do trabalho de seus acadêmicos em numerosas áreas do conhecimento. Teorias e modelos criados pela comunidade da Biblioteca de Alexandria continuaram a influenciar as ciências, a literatura e a filosofia até pelo menos a Renascença. Além disso, o legado da Biblioteca de Alexandria teve efeitos que se estendem até nossos dias, e ela pode ser considerada um arquétipo da biblioteca universal, do ideal de armazenamento do conhecimento, e da fragilidade desse conhecimento. Juntos, a Biblioteca e o Mouseion contribuíram para afastar a ciência de correntes de pensamento específicas e, sobretudo, para demonstrar que a pesquisa acadêmica pode servir às questões práticas e às necessidades materiais das sociedades e governos.


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