Couto Misto



Couto Misto
Couto Mixto
Coto Mixto

Microestado


Século X – 1868
 

Bandeira de Couto Misto Couto Mixto Coto Mixto

Bandeira
Lema nacional
Tres Unum Sunt (latim)
"Três são Um"
Localização de Couto Misto Couto Mixto Coto Mixto
Localização de Couto Misto
Couto Mixto
Coto Mixto
Mapa do Couto Misto
Continente Europa
Capital Santiago de Rubiás 41° 54′ 31″ N, 7° 49′ 59″ O
Língua oficial galego-português, português, galego, castelhano
Religião Catolicismo
Governo Assembleia popular
Juiz do Couto Misto
 • c. 1860 Delfim Modesto Brandão
História
 • Século X Fundação
 • 29 de setembro de 1864 Partição
 • 23 de junho de 1868 Anexação formal
Área
 • 1864 26,7 km2
População
 • 1864 est. 1 000 
     Dens. pop. 37,5 hab./km²
1Delfim Modesto Brandão (nascido em Tourém em 1835), foi o penúltimo "chefe de estado", a partir de janeiro de 1863, de acordo com as suas memórias, tendo sido sucedido por um último "Juiz" cujo mandato terminou com a partição e anexação do território.[1]

Couto Misto (em galego: Couto Mixto, em castelhano: Coto Mixto) foi um microestado independente europeu, sem acesso ao mar, na fronteira entre Portugal e Espanha. Era composto pelas aldeias de Santiago de Rubiás, Rubiás (no atual concelho galego de Calvos de Randim), e Meaus (no atual concelho galego de Baltar), todas a norte da serra do Larouco, na bacia intermédia do rio Salas, Ourense, Galiza. O território do Couto Misto incluía também uma pequena faixa desabitada que hoje faz parte do concelho português de Montalegre. Ocupava uma área de 26,9 km² e segundo estimativas de seu penúltimo Juiz, Delfim Modesto Brandão, teve uma população de no máximo 1000 habitantes entre 1862 e 1864.[2][3][4][5]

Como resultado das complexas relações senhoriais medievais, essa terra iludiu o controlo português e espanhol durante séculos, operando como um estado soberano de direito próprio até ao Tratado de Lisboa de 1864, que dividiu o território entre Espanha (que anexou a maior parte das terras, incluindo as três aldeias) e Portugal (que ficou com uma faixa menor de terra desabitada). Como um país independente de facto, os habitantes do Couto Misto tinham muitos direitos e privilégios, incluindo autogoverno, isenção de serviço militar e de impostos, direito ao porte de armas, selos postais oficiais, podiam conceder asilo a foragidos da justiça portuguesa e espanhola, negar acesso a qualquer contingente militar estrangeiro, tinham direito de passagem nas estradas, liberdade de comércio (como o sal, um objeto de estanco[6]), liberdade de cultivo (como o tabaco, um objeto de estanco), liberdade de escolha da nacionalidade portuguesa ou espanhola para os seus habitantes, entre outros.[7][2][5][8]

As suas origens, ligadas desde a Baixa Idade Média ao Castelo da Piconha e depois à Casa de Bragança, remontam ao século X e à independência de Portugal (c. 1147), quando as fronteiras jurisdicionais com Leão foram estabelecidas de forma pouco clara. Muito do que se conhece sobre esse território raiano, suas normas, usos e costumes, provém dos relatórios diplomáticos produzidos à época das negociações do Tratado de Lisboa de 1864.[9]

Essa situação, muito antiga, foi classificada como anómala e tanto a Espanha como Portugal determinaram por unanimidade que não se podia manter, porque era especialmente propícia ao contrabando e porque também bandos de delinquentes albergavam-se naquelas terras.[10]

  1. Modesto Brandon, Delfin (1907). Interesante Historieta del Coto Mixto. Corunha: Tierra Gallega. p. 21 
  2. a b Paül, Valerià; Trillo-Santamaría, Juan-Manuel (2 de janeiro de 2015). «Discussing the Couto Mixto (Galicia, Spain): Transcending the Territorial Trap Through Borderscapes and Border Poetics Analyses». Geopolitics (1): 56–78. ISSN 1465-0045. doi:10.1080/14650045.2013.857310. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  3. @NatGeoPortugal (4 de outubro de 2018). «Couto Misto: Pedaço da História de Portugal». National Geographic. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  4. Esteves, Paulo Costa, Pedro Castro. «Couto Misto: o que é, onde está e por que falamos dele, 150 anos depois». PÚBLICO. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  5. a b Juan-Manuel Trillo-Santamaría. Valerià Paül. A investigação sobre o Couto Misto, microestado desaparecido entre a Galiza e Portugal, demonstra que a fronteira hispano-lusa não e como nos explicaram.
  6. O regime de estanco consistia na proibição da livre produção e comercialização de certos produtos controlados pelo Estado, que estabelecia preços, taxas e pontos de venda autorizados.
  7. says, José Manuel Campos d'Oliveira Lima (23 de agosto de 2021). «Couto Misto: o país esquecido entre Portugal e Espanha». Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  8. Pontevedra, Diario de (7 de julho de 2007). «Couto Mixto, as tres chaves da memoria». Diario de Pontevedra (em espanhol). Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  9. VxMag. «O país que existiu durante 800 anos entre Portugal e Espanha». Consultado em 17 de abril de 2015 
  10. Dias, Maria Helena (2009). "O Couto Misto e a sua demarcação". Finis Portugalliæ. Nos Confins de Portugal. Cartografia miitar e identidade territorial (pdf). Instituto Geográfico do Exército. p. 29.

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