Embrafilme

Embrafilme
Razão social Empresa Brasileira de Filmes S.A.
Atividade Cinematografia
Fundação 12 de setembro de 1969
Encerramento 16 de março de 1990
Sede Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Proprietário(s) Ministério da Cultura (Governo Federal)
Produtos Produção e distribuição de filmes

A Embrafilme ou Empresa Brasileira de Filmes S.A. foi uma empresa de economia mista estatal brasileira produtora e distribuidora de filmes cinematográficos.[1][2][3]

Foi criada através do decreto-lei Nº 862, de 12 de setembro de 1969,[4] como Empresa Brasileira de Filmes Sociedade Anônima e vinculada ao então Ministério da Educação e Cultura e como braço do Instituto Nacional do Cinema (INC).[5][6] Enquanto existiu, sua função foi fomentar a produção e distribuição de filmes brasileiros.[5][6] Enquanto viveu, a Embrafilme funcionou com um orçamento médio anual de cerca de US$ 12 milhões,[7] desse total, entre US$ 8 milhões e US$ 9 milhões (70%) eram investidos na produção de filmes.[7] Nos anos 70 e 80, os filmes custavam entre US$ 500 mil e US$ 600 mil.[7] A empresa lançava anualmente, em média, 25 filmes.[7] A estatal ajudou a colocar no mercado mais de 200 filmes brasileiros entre 1969 e 1990.[2] Em 1975, no auge da atuação da Embrafilme, o Brasil chegou a ter 3 276 salas de cinema e um total de 275 milhões de ingressos vendidos.[8] Já em 1995, sem a agência, eram 1 033 salas e 85 milhões de ingressos vendidos.[8] Setenta por cento de suas ações eram do governo e o restante de outras entidades e sócios minoritários, entre eles o produtor Luiz Carlos Barreto.[6] Os diretores da empresa foram os cineastas Roberto Farias, Gustavo Dahl, Celso Amorim e Carlos Augusto Machado Calil.[6][9]

No final dos anos 80, houve uma forte campanha de oposição à empresa, acusada de clientelismo, desperdício e má administração. A intenção era convencer a opinião pública de que o cinema não devia ser matéria de Estado.[10] Diversos fatores foram apontados para justificar o declínio da Embrafilme, desde a redução da capacidade de investimento do Estado brasileiro diante da crise do petróleo; a dolarização das atividades cinematográficas no país; o progresso técnico do cinema dos Estados Unidos e sua maior agressividade na conquista de mercados na América Latina; a queda brusca de público com a difusão dos aparelhos de videocassete, entre muitos outros.[10]

Foi extinta em 16 de março de 1990, sem a abertura de qualquer processo administrativo ou discussão pública que pudesse reorientar sua missão e a estratégia,[10][11] pelo Programa Nacional de Desestatização (PND),[2] do governo de Fernando Collor de Mello. Quando o decreto de extinção saiu publicado, a Embrafilme estava às vésperas de lançar com muita divulgação o filme Dias Melhores Virão, dirigido por Cacá Diegues.

Em 2009, a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação) convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendia formular propostas para uma política nacional de comunicação, juntando as propostas para o setor já produzidas nos meios sindical e acadêmico. A lista incluiu a volta da estatal Embrafilme.[12] A proposta foi rejeitada por cineastas que propuseram outras alternativas.[13]

Atualmente, as funções de regulação e fiscalização da extinta Embrafilme são feitas pela Ancine.[8] A função de distribuidora foi deixada para a iniciativa privada. O incentivo estatal à produção de cinema brasileiro hoje em dia se dá pela Lei do Audiovisual,[14] e por editais de órgãos públicos, promovidos pela própria Ancine, pela Petrobras e pelo BNDES.

  1. Sérgio Rizzo (18 de fevereiro de 2005). «Mostra no CCBB faz balanço da Embrafilme». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 27 de junho de 2018 
  2. a b c ).html «Especial Cinema 3 - Crise com o fim da Embrafilme e retomada a partir de 1995(08'12. Câmara dos Deputados. 21 de janeiro de 2008. Consultado em 27 de junho de 2018 
  3. «Embrafilme». Enciclopédia Itaú Cultural. 3 de fevereiro de 2017. Consultado em 27 de junho de 2018 
  4. Carlos Helí de Almeida (26 de julho de 2016). «O cinema nos 90 anos do jornal O GLOBO». O Globo. Globo.com. Consultado em 27 de junho de 2018 
  5. a b «Del0862». 12 de setembro de 1969. Consultado em 27 de junho de 2018 
  6. a b c d Tereza Novaes (22 de fevereiro de 2005). «Mostra discute o legado da Embrafilme». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 27 de junho de 2018 
  7. a b c d «Qualquer coisa é melhor que a Embrafilme». Folha de S.Paulo. UOL. 13 de outubro de 1998. Consultado em 27 de junho de 2018 
  8. a b c André Miranda (23 de outubro de 2016). «A partir de 2002, Ancine ocupou espaço vago com o fim da Embrafilme». O Globo. Globo.com. Consultado em 27 de junho de 2018 
  9. «Carlos Augusto Calil». Secretaria Municipal de Cultura. Prefeitura Municipal de São Paulo. 21 de setembro de 2009. Consultado em 27 de junho de 2018 
  10. a b c «A Embrafilme». Centro Técnico Audiovisual. Governo do Brasil. 10 de outubro de 2008. Consultado em 27 de junho de 2018 
  11. «Ministério da Cultura completa 30 anos neste domingo (15)». Governo do Brasil. 15 de março de 2015. Consultado em 27 de junho de 2018 
  12. Elvira Lobato (26 de novembro de 2009). «Conferência de comunicação discutirá volta da Embrafilme». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 27 de junho de 2018 
  13. Luiz Zanin Oricchio (28 de novembro de 2009). «Cineastas rejeitam volta da Embrafilme». O Estado de São Paulo. Consultado em 27 de junho de 2018 
  14. Inácio Araujo (3 de junho de 1999). «Lei do Audiovisual vai ao pelourinho em SC». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 27 de junho de 2018 

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