Escultura da Roma Antiga

Augusto de Prima Porta, Museus Vaticanos

A escultura da Roma Antiga foi uma das mais importantes expressões artísticas dos antigos romanos. Desenvolveu-se em toda a área de influência romana, tendo seu foco disseminador na capital, num período que vai do século VI a.C. ao século VI d.C.. A tradição grega de escultura permaneceu uma referência constante ao longo de toda a trajetória da arte escultórica em Roma, recebendo influência primeiro através da escultura etrusca, fortemente devedora dos gregos do período arcaico, e a partir do período helenístico o contato passou a ser direto e ainda mais intenso e fecundo. Mas contradizendo uma antiga e generalizada opinião de que os romanos foram apenas meros copistas, hoje se reconhece que foram capazes não só de assimilar e elaborar suas fontes com maestria, mas também de dar importante contribuição original a essa tradição, visível em especial na retratística, gênero que gozou de prestígio singular e deixou exemplos de suma perícia técnica e elevada expressividade, e na escultura decorativa dos grandes monumentos públicos, onde se desenvolveu um estilo narrativo de grande força e caráter tipicamente romano.[1][2]

Depois da consolidação do império, outras influências estrangeiras, mormente orientais, determinaram um lento mas progressivo afastamento do cânone grego em direção a uma simplificação formal de tendência abstrata, que estabeleceu as bases da arte bizantina, paleocristã e medieval. Esse processo, não obstante, foi entremeado de diversos períodos de revivescência classicista, que além de fortalecerem o elo simbólico com o passado foram úteis na manutenção da coesão política e cultural do vasto território. Nem mesmo a cristianização do império pôde determinar a exclusão das referências clássico-pagãs da escultura romana, e no século V, quando a unidade política se rompe definitivamente, modelos clássicos ainda continuavam sendo emulados, embora adaptando-se aos temas próprios da nova ordem social, política e religiosa que se instaurava.[2][3]

Mesmo que este resumo tente se manter em uma cronologia mais ou menos ordenada e procure estabelecer a especificidade de cada fase, o estudo da escultura romana tem-se provado um desafio para os pesquisadores, pois sua evolução foi tudo menos linear e lógica. Apesar das divergências entre os estudiosos sobre muitos pontos, já se tem uma ideia mais ou menos clara sobre as características gerais de cada etapa, mas o modo como elas evoluíram e como se transformaram de uma para outra evidenciou ser um processo muito complexo que ainda está longe de ser bem compreendido. Uma duradoura inclinação para o historicismo e o ecletismo, ainda mais pronunciada do que a que se observou na escultura helenística, junto com a presença de estilos bem diferenciados na escultura produzida num mesmo momento histórico para as diferentes classes sociais, e mesmo dentro de uma única classe, atendendo a necessidades de cada tema e situação, tornam o assunto ainda mais intrincado.[4]

Além do grande mérito intrínseco da produção romana, o hábito generalizado da cópia de obras gregas mais antigas e a permanência de alusões ao classicismo grego ao longo de toda sua história, mesmo através do Cristianismo primitivo, manteve vivas uma tradição e uma iconografia que de outra forma poderiam ter-se perdido. Devemos a Roma, assim, boa parte de nosso conhecimento da cultura e da arte da Grécia Antiga, e mais, a escultura romana - junto com a grega - teve fundamental importância na formulação da estética do Renascimento e do Neoclassicismo, atestando sua vitalidade e significância até nos tempos modernos, além de ser considerada hoje como um dos corpos artísticos mais importantes da cultura ocidental, como o provam a imensa quantidade de estudos especializados de que é objeto e o fascínio que ainda exerce sobre o grande público.[3]

  1. Harris, William H., & Levey, Judith S. (eds.) "Etruscan Art". In: The New Columbia Encyclopedia. Nova Iorque and London: Columbia University Press, 1975
  2. a b Toynbee, Jocelyn M.C. "Western Sculpture: Roman and Early Christian". In Encyclopaedia Britannica on line
  3. a b Kousser, Rachel M. Hellenistic and Roman Ideal Sculpture. Oxford University Press, 2008. pp. 111-114
  4. Fullerton, Mark D. The Archaistic Style in Roman Statuary. Leiden: E. J. Brill, 1990. p. 190

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