Eurocomunismo

O eurocomunismo, também conhecido como comunismo democrático ou neocomunismo, foi uma vertente da ideologia e da teoria comunista surgida entre os partidos comunistas dos países da Europa Ocidental, na década de 1970, particularmente Itália, França e Espanha[1], tendo recebido, também, o apoio do Partido Comunista da Grã-Bretanha, do Partido Comunista da Bélgica, do Partido Comunista da Grécia (Interior) e do Partido Comunista dos Países Baixos[2][3]. Criticado como revisionista do marxismo pelos comunistas ortodoxos[4][5][6] ou saudado como alternativa ao stalinismo pelos admiradores, o eurocomunismo apresentou-se como uma versão democrática da ideologia comunista, buscando um intermédio socialista entre a social-democracia clássica e os regimes comunistas então implantados no Leste europeu e estruturados em torno da burocracia do partido único[1].

Entretanto, nenhum partido ou movimento eurocomunista conseguiu estabelecer-se no poder e implantar seus projetos: na Itália, onde o Partido Comunista Italiano (PCI) se destacou na elaboração de importantes pontos teóricos, a política de "compromisso histórico" com a Democracia Cristã teve vida relativamente curta, assediada pelo terrorismo de esquerda. Muito particularmente, o sequestro e e o posterior assassinato de Aldo Moro, líder democrata-cristão, por parte das Brigadas Vermelhas, privaram o PCI do seu mais importante interlocutor na Itália[7]. Além disso, rapidamente o PCI se viu isolado no quadro europeu, perdendo o apoio dos partidos comunistas francês e espanhol. Restou ao líder do PCI, Enrico Berlinguer, a interlocução com importantes dirigentes social-democratas, como Olof Palme e Willy Brandt.

Ainda no auge do movimento, teve circulação internacional uma expressão cunhada por Enrico Berlinguer, secretário-geral do PCI. Em 1977, numa conferência de partidos comunistas de todo o mundo, realizada em Moscovo, na União Soviética, Berlinguer referiu-se à democracia política como "valor universal". Os eurocomunistas do Partido Comunista Italiano também legaram uma significativa reflexão em torno de temas cruciais, como a articulação entre hegemonia, célebre conceito de Antonio Gramsci, e pluralismo político, vigente nas sociedades ocidentais.

  1. a b «Glossary of Terms: Eu». www.marxists.org. Consultado em 28 de maio de 2020 
  2. McDaniel, Bruce A. (2002). Entrepreneurship and Innovation: An Economic Approach (em inglês). [S.l.]: M.E. Sharpe 
  3. Arsénio Nunes, João. «Poulantzas, a revolução portuguesa e a questão do eurocomunismo» 
  4. Sebastian, Pablo (27 de setembro de 1977). «Alvaro Cunhal: "Eurocomunismo, una moda que pasará"». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582 
  5. EFE (27 de fevereiro de 1981). «Alvaro Cunhal reitera sus ataques contra el eurocomunismo». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582 
  6. «Jornal «Avante!» - PCP - Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal». avante.pt. Consultado em 28 de maio de 2020 
  7. Laura Fasanaro, "The Eurocommunism Years: Italy’s Political Puzzle and the Limits of the Atlantic Alliance.”." in Giles Scott-Smith, ed., Atlantic, Euratlantic or Europe-America?: The Atlantic Community and the European Idea from Kennedy to Nixon (2011): 548-72.

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