Evangelho segundo Lucas

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Evangelho Segundo Lucas (em grego: Τὸ κατὰ Λουκᾶν εὐαγγέλιον; romaniz.: To kata Loukan euangelion) é o terceiro dos quatro evangelhos canônicos. Ele relata a vida e o ministério de Jesus de Nazaré, detalhando a história dos acontecimentos de Seu nascimento até Sua Ascensão.

O autor é tradicionalmente identificado como Lucas, o evangelista.[1][2][3][4] Certas histórias populares, como o Filho Pródigo e o Bom samaritano, são encontrados somente neste evangelho. A obra tem uma ênfase especial sobre a oração, a atividade do Espírito Santo, a alegria e o cuidado de Deus para com os pobres, as crianças e as mulheres.[5] Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus, mas volta sua atenção especialmente para a humanidade d'Ele, com Sua compaixão para com os fracos, os aflitos e os marginalizados.[6]

De acordo com o prefácio do livro, o propósito de Lucas é relatar o início do cristianismo,[7] enquanto procura o significado teológico da história.[5] O evangelista divide seu evangelho em três fases: a primeira termina com João Batista, a segunda consiste no ministério terrestre de Jesus e a terceira é a vida da igreja após a ressurreição de Cristo. O livro contém ao todo 24 capítulos, 24 parábolas e 21 milagres. O autor retrata o cristianismo como divino, respeitável, cumpridor da lei e internacional.[8] Aqui, a compaixão de Jesus estende a todos os que estão necessitados, as mulheres são importantes entre os seus seguidores, os samaritanos desprezados são elogiados e os gentios são prometidos a oportunidade de aceitar o evangelho.[9][10] Enquanto o Evangelho é escrito como uma narrativa histórica, muitos dos fatos retratados nele são baseados em tradições orais e anteriores aos quatro evangelhos canônicos.[11] A mais moderna erudição crítica concluiu que Lucas usou o Evangelho de Marcos para a sua cronologia e uma hipotética fonte Q, que provavelmente continha muitos dos ensinamentos de Jesus. Lucas também pode ter utilizado registros escritos independentes. A erudição cristã tradicional tem datado a composição do evangelho para o início dos anos 60 d.C.,[10] enquanto a alta crítica data para décadas mais tarde do século I.[8][12] Enquanto a visão tradicional de que o companheiro de Paulo, Lucas, foi o autor do terceiro Evangelho, um número de possíveis contradições entre Atos e as cartas de Paulo levam muitos estudiosos a duvidar disso.[13] De acordo com Raymond E. Brown, não é impossível que Lucas foi o autor do Evangelho.[14] Já Leon Morris afirma que não há nada no Evangelho de Lucas que coloque em xeque a visão tradicional da Igreja Primitiva.[15] De acordo com a opinião da maioria, o autor é simplesmente desconhecido.

Os estudiosos da Bíblia estão em amplo consenso de que o autor do Evangelho de Lucas também escreveu o Atos dos Apóstolos.[8][16] Muitos acreditam que o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos originalmente constituíam uma obra de dois volumes,[17][18] que os estudiosos chamam de Lucas-Atos.[19]

  1. Irineu (Contra as Heresias, livro III, 1.3) "Também Lucas, companheiro de Paulo, registrou em livro o evangelho proclamado por este";
  2. Cânone Muratori (séc. II) diz "O terceiro evangelho, segundo Lucas, foi redigido por esse médico, segundo seu critério, após a ascensão de Cristo, quando Paulo o levou consigo como companheiro, quase que cientista. Apesar disso, não viu pessoalmente o Senhor na carne, e por conseguinte começou a relatar, da maneira como conseguiu examinar, desde o nascimento de João".
  3. Eusébio de Cesareia (História Eclesiástica, livro III, 4.6) Lucas, porém, de origem antioquena e médico de profissão, viveu por longo tempo em companhia de Paulo e no restante conviveu, não de passagem, com os outros apóstolos. Deles aprendeu a cura das almas, conforme comprovou nos dois livros inspirados por Deus, o Evangelho que ele atesta ter composto conforme lhe transmitiram os que foram desde o início testemunhas oculares e ministros da palavra e os Atos, que não redigiu de acordo com o que ouviu, mas ao invés com o que viu com os próprios olhos.
  4. "Lucas é um sírio de Antioquia, sírio pela raça, médico de profissão. Tornou-se discípulo dos apóstolos e mais tarde seguiu a Paulo até ao seu martírio. Tendo servido o Senhor com perseverança, solteiro e sem filhos, cheio da graça do Espírito Santo, morreu com 84 anos de idade". Prólogo Anti Marcionita
  5. a b Donald Guthrie. New Testament Introduction. Leicester, England: Apollos, 1990;
  6. Leon Morris. Lucas. São Paulo: Vida Nova, 2005;
  7. N. B. Stonehouse, The Witness of Luke to Christ (1951), pp. 24-45; H. J. Cadbury, The Beginnings of Christianity II, 1922, pp. 489-510; R. Bauckham, Jesus and the Eyewitnesses (Eerdmans, 2006).
  8. a b c Oscar Cullman. A formação do Novo Testamento. São Leopoldo: Sinodal, 2001;
  9. May, Herbert. e Bruce Metzger.The New Oxford Annotated Bible with the Apocrypha. 1977. p. 1240;
  10. a b DA Carson, Douglas Moo, Leon Morris. Lucas in Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997;
  11. "Relatos sobre a vida e as declarações de Jesus circularam em pequenas unidades independentes (...). A responsabilidade por essa transmissão não é de indivíduos, mas da comunidade, dentro da qual o material toma forma e é transmitido. Certas leis de transmissão, geralmente observáveis em tais casos de transmissão oral, podem ser aplicadas à transmissão dos evangelhos". DA Carson, D Moo, L Morris, p. 22
  12. Raymond Brown. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 2003;
  13. "Ao contrário do ponto de vista tradicional - que ainda é apresentada hoje - há um consenso entre os críticos que enfatizam as contradições entre Atos e as cartas paulinas autênticas". Theissen, Gerd e Annette Merz. The historical Jesus: a comprehensive guide. Fortress Press, 1998, p. 32;
  14. "A pressuposição de que Lucas tenha escrito o terceiro evangelho e os Atos é a mais plausível das quatro atribuições, seguida de perto pela suposição de que Marcos tenha sido um evangelista". R Brown, p. 60;
  15. "Há boas razões para sustentar que Lucas é o autor deste Evangelho (e de Atos). Embora a evidência não chega à prova definitiva, é muito forte, e nenhuma alternativa apropriada tem sido sugerida". Morris, p. 20
  16. Udo Schnelle. The History and Theology of the New Testament Writings. Fortress Press, 1998, p. 259;
  17. David Aune. The New Testament in Its Literary Environment. Philadelphia: Westminster, 1987, p. 77;
  18. Os livros da Bíblia
  19. Miller, Robert J. "Introduction to the Gospel of Luke". In: The Complete Gospels."Os estudiosos geralmente se referem ao trabalho de Lucas como 'Lucas-Atos'". Polebridge Press, 1992, p. 115-117;;

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