Guerra do Paraguai

Guerra do Paraguai
Questão do Prata

Cenas da Guerra do Paraguai, da esquerda para a direita: 1. Batalha do Riachuelo (1865); 2. Batalha de Tuiuti (1866); 3. e 4. Bombardeio da frota brasileira e posição paraguaia na Batalha de Curupaiti (1866); 5. Batalha de Avaí (1868); 6. Batalha de Lomas Valentinas (1868); 7. Batalha de Campo Grande (1869); 8. O Palácio dos López durante a ocupação aliada de Assunção (1869) e 9. Prisioneiros de guerra paraguaios (ca. 1870).
Data 27 de dezembro de 1864 -
8 de abril de 1870
Local Bacia do rio da Prata, América do Sul
Desfecho Vitória da Tríplice Aliança
Mudanças territoriais
  • O Brasil ganhou definitivamente os territórios disputados ao norte do rio Apa, hoje parte do estado do Mato Grosso do Sul.
  • A Argentina ganhou definitivamente a disputada Província de Misiones e todos os territórios disputados ao sul do Rio Pilcomayo que atualmente constituem a Província de Formosa.
  • O Paraguai perdeu permanentemente suas reivindicações territoriais que somam quase 40% de seus territórios reivindicados antes da guerra.
Beligerantes
Tríplice Aliança:
Brasil
Argentina
Uruguai
Paraguai

Co-Beligerante:

Comandantes
Pedro II do Brasil
Duque de Caxias
Conde d'Eu
Marquês do Herval
Barão do Amazonas
Conde de Porto Alegre
Visconde de Santa Teresa
João Manuel Mena Barreto
Bartolomé Mitre
Juan Andrés Gelly y Obes
Venancio Flores
Enrique Castro
Solano López
Domingo Francisco Sánchez
Bernardino Caballero (P.D.G)
Pedro Ignacio Meza
Antonio de la Cruz Estigarribia (P.D.G)
José E. Díaz
Wenceslao Robles
Elizardo Aquino
Francisco Isidoro Resquín (P.D.G)
Forças
200 000
Argentina 30 000
Uruguai 5 583
150 000
Baixas
100 000
Argentina 30 000
Uruguai 10 000
(entre militares e civis)
~ 300 000
(entre militares e civis)
Ao todo, 440 000 mortos.

A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América Latina.[1][2] Foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta pelo Império do Brasil, Argentina e Uruguai. Ela se estendeu de dezembro de 1864 a março de 1870. É também chamada Guerra da Tríplice Aliança, na Argentina e no Uruguai, e de Guerra Grande, Guerra Contra a Tríplice Aliança e Guerra-Guaçu no Paraguai.[1][3]

Em 1864, o Brasil estava envolvido num conflito armado no Uruguai, que pôs fim à Guerra do Uruguai ao depor o governo interino uruguaio de Atanasio Aguirre (sucessor de Bernardo Prudencio Berro), do Partido Blanco e aliado de Francisco Solano López. O ditador paraguaio se opôs à invasão brasileira do Uruguai, porque contrariava seus interesses. O conflito iniciou-se com o aprisionamento no porto de Assunção, em 11 de novembro de 1864, do barco a vapor brasileiro Marquês de Olinda, que transportava o novo presidente da província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos, que nunca chegou a Cuiabá, morrendo em uma prisão paraguaia. Seis semanas depois, o exército do Paraguai, sob ordens de Francisco Solano López, invadiu pelo sul a província brasileira de Mato Grosso. Antes da intervenção brasileira no Uruguai, Solano López já vinha produzindo material bélico moderno, em preparação para um futuro conflito com a Argentina mitrista, e não com o Império.[4] Solano López alimentava o sonho expansionista e militarista de formar o Grande Paraguai, que abrangeria, além do Paraguai, as regiões argentinas de Corrientes e Entre Ríos, o Uruguai, o Rio Grande do Sul e o Mato Grosso. Objetivando a expansão imperialista, Solano López instalou o serviço militar obrigatório, organizou um exército de 80 000 homens, reaparelhou a Marinha e criou indústrias bélicas.

Em maio de 1865, o Paraguai também fez várias incursões armadas em território argentino, com objetivo de conquistar o Rio Grande do Sul. Contra as pretensões do governo paraguaio, o Brasil, a Argentina e o Uruguai reagiram, firmando o acordo militar chamado de Tríplice Aliança. O Império do Brasil, a Argentina mitrista e o Uruguai florista, aliados, derrotaram o Paraguai após mais de cinco anos de lutas durante os quais o Império enviou em torno de 150 mil homens à guerra. Cerca de 50 mil não voltaram — alguns autores[quem?] asseveram que as mortes no caso do Brasil podem ter alcançado 60 mil se forem incluídos civis, principalmente nas então províncias do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. Argentina e Uruguai sofreram perdas proporcionalmente pesadas — mais de 50% de suas tropas faleceram durante a guerra — apesar de, em números absolutos, serem menos significativas. Já as perdas humanas sofridas pelo Paraguai são calculadas em até 300 mil pessoas, entre civis e militares, mortos em decorrência dos combates, das epidemias que se alastraram durante a guerra e da fome.

A derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul, devido ao seu decréscimo populacional, ocupação militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de guerra, no caso do Brasil até a Segunda Guerra Mundial, e perda de praticamente 40% do território em litígio para o Brasil e Argentina. No pós-guerra, o Paraguai manteve-se sob a hegemonia brasileira.[5] Foi o último de quatro conflitos armados internacionais na chamada Questão do Prata, em que o Império do Brasil lutou, no século XIX, pela supremacia sul-americana, tendo o primeiro sido a Guerra da Cisplatina, o segundo a Guerra do Prata e o terceiro a Guerra do Uruguai.

  1. a b Bastos, Augusto Antonio Roa (2002). O livro da Guerra Grande. [S.l.]: Editora Record. 235 páginas. ISBN 978-8-50106-110-2 
  2. Joao. «Paraguai: Há 150 Anos. A Grande Guerra do Brasil». www.ihu.unisinos.br. Consultado em 6 de fevereiro de 2021 
  3. «História da Guerra do Paraguai: as causas do conflito, a derrota do Paraguai, principais fatos, resumo». História do Brasil. Consultado em 11 de maio de 2012 
  4. Mário Maestri (abril de 2013). «O plano de guerra paraguaio em uma guerra assimétrica» (PDF). Revista Brasileira de História Militar. 52 páginas. Consultado em 19 de outubro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 10 de março de 2016 
  5. Francisco Silva, Maria Linhares; et al. (5 de outubro de 2017). História Geral do Brasil. [S.l.]: Elsevier Brasil. ISBN 9788535285437. O saldo de guerra, evidentemente, foi bastante negativo para o Paraguai [...] teve sua economia arruinada [...] ficou sob a tutela do Brasil no imediato pós-guerra [...] perdeu cerca de 40% de seu território para o Brasil e Argentina 

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