Hezbollah

Hezbollah
حزب الله
Ḥizbu 'llāh
Hezbollah
Secretário-geral Sayyid Hassan Nasrallah
Fundação 1985 (oficialmente)
Sede Beirute, Líbano
Ideologia
Espectro político Social: Extrema-direita
Económico: Centro-esquerda
Religião Islão xiita
Afiliação nacional Aliança 8 de Março
Afiliação internacional Eixo da Resistência
Parlamento do Líbano
15 / 128
Gabinete do Libano
2 / 30
Cores Amarelo e Verde
Slogan فان حزب الله هم الغالبون
(Quanto àqueles que se voltam para Deus, Seu Mensageiro e os fiéis, saibam que, de fato, o Partido de Deus vencerá)
Bandeira do partido
Página oficial
https://moqawama.org.lb/

Hezbollah ou Hizbollah[7] (em árabe: حِزْب اللّٰه, transl. ḥizbullāh(i),[8] "Partido de Alá" ou "Partido de Deus") é uma organização política e paramilitar fundamentalista islâmica xiita transnacional fundada no período antecedente à revolução islâmica de Khomeini no Irã[9][10][11] para auxiliar a consolidação do poder por Khomeini e os seus apoiantes. Nessa altura o Hezbollah não era ainda uma organização fortemente estruturada, sendo mais um movimento de grupos fracamente unidos, e habitualmente centrados numa mesquita.[12]

O Hezbollah no Irã desempenhou um papel importante na rua em momentos cruciais nos primeiros tempos da revolução, confrontando físicamente aqueles que o regime considerava como contra-revolucionários.[13]

O seu ramo libanês é uma força significativa na política libanesa, responsável por diversos serviços sociais, além de operar escolas, hospitais e serviços agriculturais para milhares de sul libaneses.[14][15]

É considerado um movimento de resistência legítimo por grande parte do mundo islâmico e árabe.[10] O grupo, no entanto, é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, Reino Unido,[16] Alemanha,[17] Argentina,[18] Austrália,[19] Israel, Canadá, Países Baixos, pela Liga Árabe[20][21] e pelo Conselho de Cooperação do Golfo.[22][23][24]. Em 2013 a União Europeia adicionou o braço armado do Hezbollah à lista de organizações que considera como terroristas, deixando de fora porém o partido político em si.[25]

Situação do Líbano em 9 de Junho, 2017:
  Territórios controlados pelo governo libanês
  Territórios controlados pelo Hezbollah
  Territórios controlados pelo Estado Islâmico (EI)
  Territórios controlados por grupos sunitas insurgentes

O Hezbollah no Líbano surgiu inicialmente como uma milícia, em resposta à invasão israelense do Líbano de 1982, também conhecida como Operação Paz para a Galileia, e continuou a resistir contra a ocupação israelense do sul do Líbano durante toda a Guerra Civil Libanesa.[10][4] Seus líderes se inspiraram nas ideias do aiatolá Khomeini, e suas forças foram treinadas e organizadas por um contingente da Guarda Revolucionária Iraniana.[26] O manifesto de 1985 publicado pelo Hezbollah listava suas três metas principais como "colocar um fim a qualquer entidade colonialista" no Líbano, levar os Falangistas à justiça "pelos crimes que perpetraram", e estabelecer um regime islâmico no país.[27][28][29] Recentemente, no entanto, segundo Adam Shatz, o Hezbollah vem fazendo poucas menções a respeito da fundação de um Estado islâmico, e não tem mais feito alianças seguindo tendências religiosas.[26] Os líderes do partido são responsáveis, no entanto, por diversas declarações pedindo o fim do Estado de Israel como "entidade sionista", "construída sobre terras arrancadas das mãos de seus proprietários."[27][28]

O partido, que começou apenas como uma pequena milícia, já se transformou numa organização que tem assentos no parlamento libanês, uma rádio e uma estação de televisão via satélite, além de diversos programas de desenvolvimento social.[30] O Hezbollah mantém um forte apoio entre a população xiita do Líbano, e conquistou algum apoio entre o resto da população do país, incluindo sunitas, drusos e cristãos, na sequência da Guerra do Líbano de 2006,[31] e conseguiu mobilizar protestos de centenas de milhares de pessoas[32] Juntamente com outros grupos políticos do país, o Hezbollah iniciou os protestos políticos do Líbano de 2006-2008, em oposição ao governo do primeiro-ministro Fuad Siniora.[33] Disputas posteriores envolvendo a manutenção pelo Hezbollah de sua rede de telecomunicações levaram a disputas, e militantes da oposição, liderados pelo partido, tomaram o controle de diversos bairros de Beirute Ocidental, anteriormente ocupados por milicianos do Movimento do Futuro, leais a Siniora; as áreas foram entregues então ao exército libanês.[34] Finalmente, com base no Acordo de Doha em 2008, o Hezbollah recebeu o poder de veto no parlamento libanês; além disto, formou-se um governo de unidade nacional, no qual o partido tem um ministro, e controla onze dos trinta assentos existentes.[14][35]

O Hezbollah recebe ajuda financeira do Irã e da Síria, além de doações de libaneses e de outros xiitas pelo mundo.[36][37] O partido também ganhou uma força militar significante nos últimos anos.[38] Apesar de uma certificação de junho de 2008, pelas Nações Unidas, de que Israel havia se retirado de todo o território libanês,[39] em agosto daquele ano o novo gabinete de governo do Líbano aprovou uma proposta que assegura a existência do partido como uma organização armada, e garante o seu direito de "liberar ou recuperar terras ocupadas" (as fazendas de Shebaa e os morros de Kafarshuba) por Israel.[carece de fontes?]

Nos últimos anos, o Hezbollah goza de certa popularidade no mundo muçulmano xiita, por ter levado Israel a desocupar o sul do Líbano, em junho de 2000. Todavia, também tem sido criticado por governos sunitas de diversos países e pela Irmandade Muçulmana, por seu envolvimento na guerra civil síria, em favor de Bashar al-Assad. O ministro do Exterior do Barém descreveu o chefe da Hezbollah como terrorista,[40] e o ex-presidente do Egito, Mohamed Morsi, pediu que o Hezbollah pare sua agressão ao povo sírio.[41]

O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, também acusou o Hezbollah de manter "células ativas" na Venezuela, o que foi negado pelo líder da organização. Segundo ele, o Hezbollah é "solidário com a liderança política da Venezuela e com o estado venezuelano, contra a agressão dos Estados Unidos",[42] afirmando, ainda, que o Hezbollah não tem influência na Venezuela, nem células operando no país, e que a Venezuela também não precisa disso.[43]

Desde 1992 a organização é liderada por Hassan Nasrallah.

  1. Ekaterina Stepanova, in Asymmetrical Conflict: Ideological and Structural Aspects Arquivado em 2016-03-10 no Wayback Machine, Stockholm International Peace Research Institute, Oxford University Press 2008, p. 113
  2. a b Philip Smyth (Fevereiro de 2015). The Shiite Jihad in Syria and Its Regional Effects (PDF) (Relatório). The Washington Institute for Near East Studies. pp. 7–8. Consultado em 13 de Março de 2015 
  3. Levitt, Matthew (2013). Hezbollah: The Global Footprint of Lebanon's Party of God. [S.l.: s.n.] p. 356. Hezbollah's anti-Western militancy began with attacks against Western targets in Lebanon, then expanded to attacks abroad intended to exact revenge for actions threatening its or Iran's interests, or to press foreign governments to release captured operatives. 
    An International History of Terrorism: Western and Non-Western Experiences. [S.l.: s.n.] p. 267. Based upon these beliefs, Hezbollah became vehemently anti-West and anti-Israel. 
    Criminology: Theories, Patterns & Typology. [S.l.: s.n.] p. 396. Hezbollah is anti-West and anti-Israel and has engaged in a series of terrorist actions including kidnappings, car bombings, and airline hijackings. 
  4. a b «Who are Hezbollah». BBC News. 21 de maio de 2008. Consultado em 15 de agosto de 2008 
  5. Elie Alagha, Joseph (2011). Hizbullah's Documents: From the 1985 Open Letter to the 2009 Manifesto. [S.l.]: Amsterdam University Press. pp. 15, 20. ISBN 90-8555-037-8 
    Shehata, Samer (2012). Islamist Politics in the Middle East: Movements and Change. [S.l.]: Routledge. p. 176. ISBN 0-415-78361-5 
    Husseinia, Rola El (2010). «Hezbollah and the Axis of Refusal: Hamas, Iran and Syria». Third World Quarterly. 31 (5). doi:10.1080/01436597.2010.502695 
  6. Julius, Anthony. "Trials of the Diaspora: A History of Anti-Semitism in England." Google Books. 1 de Maio de 2015.
    Michael, Robert and Philip Rosen. "Dictionary of Antisemitism from the Earliest Times to the Present." Google Books. 1 May 2015.
    Perry, Mark. "Talking to Terrorists: Why America Must Engage with Its Enemies." Google Books. 1 de Maio de 2015
    «Analysis: Hezbollah's lethal anti-Semitism». The Jerusalem Post – JPost.com 
  7. Outras transliterações incluem Hezbollah, Hezbullah, Hezballah, Hizballah, Hisbollah, e Hizb Allah.
  8. Em português a sílaba tônica da palavra costuma ser a sílaba final (hizbolá), seguindo a pronúncia persa iraniana. No teatro de operações árabe do próprio Hizbollah, a sílaba tônica costuma ser colocada na segunda sílaba. Hizb ("partido") é a pronúncia do árabe moderno padrão, e hezb é a forma mais parecida ao persa e ao dialeto libanês. O nome vem do ayat (verso) corânico, que se refere àqueles que pertencem e seguem o "partido de Deus".[1] Arquivado em 21 de abril de 2009, no Wayback Machine..
    حزب الله, ḥezbu-'llāh(i), -u - marcador de caso nominativo em iḍāfa, "a" inicial (escrito como o alif: ا) em Allāh (الله) é mudo.
    O alif inicial (ا) costuma desaparecer nesta situação, em expressões como bi-'llaah(i), wa-'llaah(i), etc. O i final ("kasra") (frequentemente eliminado - é o marcador do caso genitivo). A primeira palavra termina em -u (ḍamma não-escrito) no caso nominativo, -a no acusativo, -i no genitivo.
    ḥizbu-'llāh(i) - nominativo
    ḥizbi-'llāh(i) - genitivo
    ḥizba-'llāh(i) - acusativo
  9. «About Hezbollah | Hezbollah». hezbollah.org (em inglês). Consultado em 9 de agosto de 2020 
  10. a b c Jamail, Dahr (20 de julho de 2006). «Hezbollah's transformation». Asia Times. Consultado em 23 de outubro de 2007 
  11. «Hezbollah (a.k.a. Hizbollah, Hizbu'llah)». Council on Foreign Relations. 13 de Setembro de 2008. Consultado em 15 de Setembro de 2008. Arquivado do original em 13 de Setembro de 2008 
  12. Schirazi, Asghar (1997). The Constitution of Iran. [S.l.]: Tauris. p. 153 
  13. https://www.globalsecurity.org/intell/world/iran/basij.htm
  14. a b «Hezbollah (a.k.a. Hizbollah, Hizbu'llah)». Council on Foreign Relations. 13 de setembro de 2008. Consultado em 15 de setembro de 2008. Arquivado do original em 13 de setembro de 2008 
  15. «Lebanon's Weed Trade Thrives In Chaos Of Syrian War». The Huffington Post. Consultado em 15 de setembro de 2015 
  16. «Britain bans Hezbollah». The Jerusalem Post | JPost.com. Consultado em 11 de agosto de 2020 
  17. Welle (www.dw.com), Deutsche. «Iran condemns German ban on Hezbollah, warns of consequences | DW | 01.05.2020». DW.COM (em inglês). Consultado em 17 de agosto de 2020 
  18. «Acusan a Irán de haber planeado el atentado contra la AMIA» (em espanhol). 25 de outubro de 2006 
  19. «Australia lists Hezbollah as 'terrorist organisation'». Al Jazeera (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2022 
  20. «Arab League labels Hezbollah a terrorist organization». Reuters. 11 de Março de 2016 
  21. «Liga Árabe classifica Hezbollah como organização terrorista | EXAME». exame.abril.com.br. Consultado em 22 de outubro de 2018 
  22. «GCC: Hezbollah terror group». Arab News. 3 de Junho de 2013. Consultado em 22 de Outubro de 2018 
  23. «Hezbollah labelled a terrorist organization by Gulf Arab states». CBC. Consultado em 2 de março de 2016 
  24. Países do Golfo declaram Hezbollah um grupo terrorista. Diário de Pernambuco/AE, 2 de março de 2016.
  25. «European Union Adds Military Wing of Hezbollah to List of Terrorist Organizations». The New York Times. Consultado em 30 de julho de 2013 
  26. a b Adam Shatz (29 de abril de 2004). «In Search of Hezbollah». The New York Review of Books. Consultado em 14 de agosto de 2006 
  27. a b desconhecido. «The Hizballah Program» (PDF). standwithus. com (StandWithUs). Consultado em 29 de outubro de 2007. Arquivado do original (PDF) em 29 de outubro de 2007 
  28. a b Stalinsky, Steven. "An Islamic Republic Is Hezbollah's Aim." The New York Sun. 2 de agosto 2006. (visitado em 1 de novembro de 2007).
  29. Norton, Augustus Richard (1987). Amal and the Shi’a: Struggle for the Soul of Lebanon. [S.l.]: University of Texas Press. pp. 167–187 
  30. Deeb, Lara (31 de julho de 2006). «Hizballah: A Primer». Middle East Report. Consultado em 31 de julho de 2006. Arquivado do original em 20 de junho de 2010 
  31. «Briefing: Lebanese Public Opinion». Setembro–outubro de 2006. Consultado em 8 de outubro de 2007. Arquivado do original em 18 de janeiro de 2012 
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  33. Ghattas, Kim (1 de dezembro de 2006). «Political ferment in Lebanon». BBC News. Consultado em 15 de agosto de 2008 
  34. «Lebanese army moves into W. Beirut after Hezbollah takeover». Haaretz. Consultado em 10 de maio de 2008 
  35. National unity government
  36. UN Office for the Coordination of Humanitarian Affairs (29 de março de 2006). «LEBANON: The many hands and faces of Hezbollah». Consultado em 17 de agosto de 2006 
  37. Iranian official admits Tehran supplied missiles to Hezbollah
  38. Frykberg, MelL (29 de agosto de 2008). «Mideast Powers, Proxies and Paymasters Bluster and Rearm». Middle East Times. Consultado em 29 de agosto de 2008. Arquivado do original em 2 de setembro de 2008. And if there is one thing that ideologically and diametrically opposed Hezbollah and Israel agree on, it is Hezbollah's growing military strength. ("E se tem uma coisa que Israel e o Hezbollah, ideológica e diametricamente opostos, concordam, é a respeito da crescente força militar do Hezbollah.") 
  39. «Security council endorses secretary-general's conclusion on Israeli withdrawal from Lebanon as of 16 junho». Conselho de Segurança das Nações Unidas. 18 de junho de 2000. Consultado em 29 de setembro de 2006 
  40. «Em Bahrain, o ministro do Exterior descreveu o chefe da Hezbollah como terrorista». Consultado em 27 de maio de 2013 
  41. «O presidente do Egito pediu que o Hezbollah pare sua agressão ao povo Sirio». Consultado em 16 de junho de 2013 
  42. Trump decreta embargo contra Venezuela. Por Elaine Tavares. IELA - UFSC, 7 de agosto de 2019
  43. Hezbollah denies US charges it has cells in Venezuela. The Associated Press/ABC News, 16 de fevereiro de 2019.

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