Historiografia romana

Roma

Por historiografia romana entende-se narrativas que abordam o presente ou o passado, escritas em prosa, que valorizavam a esfera política e escritas com parâmetros de composição definidos pela retórica.[1] As narrativas históricas na Roma Antiga eram consideradas como um gênero literário. Não existia o entendimento moderno sobre os parâmetros epistemológicos da história, mas de nenhuma forma isso significa dizer que os historiadores desprezavam a pesquisa e a busca pela verdade. Os relatos históricos buscavam agregar vivacidade à narrativa, não existia uma exata correspondência entre realidade e discurso, mas informavam pela plausibilidade. Essas histórias também misturavam os fatos ocorridos, com mitos e crenças populares.[2]

A história na Roma Antiga tinha como papel relatar os acontecimentos ocorridos durante certo período de tempo, expressando o desejo de perpetuar ou evitar modelos morais de vício e virtude e servindo como instrução moral, tendo um papel didático. Os historiadores da antiguidade latina davam destaque aos grandes feitos heroicos, aos nomes e aos acontecimentos marcantes, como batalhas. Diferente de hoje, os historiadores antigos não tinham preocupações ou inquietações relativas às questões sociais e econômicas.[2] Os assuntos principais estavam centrados no campo político-militar e o historiador embelezava suas narrativas.[3]

Tradicionalmente convencionou-se adotar o início da historiografia romana no século III a.C., no contexto das Guerras Púnicas. Como outros gêneros literários, a historiografia romana teve seu início nos reflexos da historiografia grega. Em 146 a.C., a Grécia foi anexada ao território romano. A produção de material histórico grego termina como resultado da dominação dos romanos da cidade de Corinto, última cidade grega a ser conquistada. No final do século III e início do II a.C. inicia-se a elaboração dos primeiros textos por autores latinos, movimento que teve grande expansão com a conquista da Grécia. Os primeiros textos latinos foram compostos inicialmente em grego por dois motivos. Primeiro pela questão da língua grega inicialmente deter mais recursos literários; e segundo porque os romanos queriam propagar as vitórias de Roma e o grego era um idioma mais conhecido que o latim.[2] 

O primeiro historiador romano foi Fábio Pictor, viveu entre os séculos III e II a.C., lutou na guerra contra os gauleses em 225 a.C. Tito Lívio narra sua visita a Delfos em 216 a.C., quando foi enviado pelo senado para consultar o oráculo após a derrota de Canas, durante a segunda guerra Púnica.[4] Especula-se que Fábio Pictor tenha sido senador. Para Cícero, Fábio Pictor estava apto a ser um bom historiador, por seu conhecimento empírico sobre política e pela sua participação militar.[5] 

Não existe consenso sobre o idioma de escrita escolhido por Fábio Pictor para escrever a sua história, se grego ou latim, pois apenas fragmentos de textos, via citação de outros autores, chegaram até nós. Por exemplo, Dionísio de Halicarnasso  cita-o em grego, enquanto Tito Lívio em latim, já Cícero cita-o em grego. Desta forma, não se tem um consenso sobre a língua da obra de Fábio Pictor.[6] Existem muitas teorias sobre o idioma utilizado por Fábio Pictor, que englobam inclusive a possibilidade dele mesmo ter traduzido sua obra posteriormente para o latim ou de ser isso obra de um tradutor contratado.[7]  


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