Metabolismo social

O metabolismo social ou metabolismo socioeconômico (português brasileiro) ou socioeconómico (português europeu) é o conjunto de fluxos de materiais e de energia que se produzem entre a natureza e a sociedade, assim como os fluxos dentro e entre sistemas sociais,[1] levados a cabo com uma forma cultural específica.[2][3] O conceito postula que as economias requerem entradas (inputs) de energia e materiais, bem como a descarte (outputs) de resíduos. O termo foi desenvolvido por Marx[4] e reintroduzido no debate econômico, durante as décadas de 1960 e 1970, por autores críticos ao paradigma econômico do crescimento.[5][6][7][8]

Os processos metabólicos sociais começam pela extração de recursos naturais por parte dos seres humanos. Estes podem ser transformados e circular para serem consumidos e, finalmente, excretados à natureza. Além disso, estes processos são responsáveis pelo acúmulo de materiais sociais (estruturas físicas, como edifícios, infraestrutura, maquinário ou outros bens duráveis).[9] Cada um destes processos tem um impacto ambiental que varia de acordo com a maneira de execução, a quantidade de materiais e energia aplicados no processo, a área onde se produz, o tempo disponível ou a capacidade de regeneração da natureza.[2][3]

O metabolismo social engloba a quantidade e composição dos recursos materiais e energéticos consumidos, bem como suas trajetórias e padrões globais de distribuição, os fluxos materiais de troca na economia globalizada, o acoplamento dos fluxos de recursos à atividade econômica (vide Desacoplamento econômico-ambiental) e as relações entre os fluxos de materiais na construção de bens duráveis.[9]

Apesar de grande parte dos estudos sobre metabolismo social se concentrarem nos fluxos de entrada e saída de recursos naturais (importações e exportações) de um Estado por conta da facilidade de acesso à informação sobre transações mercantis,[10][11] o metabolismo social também se ocupa de estudar em detalhe outros processos metabólicos, como os levados a cabo em sociedades menores, os serviços que a natureza presta aos seres humanos, bem como a forma cultural concreta que as pessoas adotam ao fazer cada processo.[2][3]

  1. Haberl, Helmut; Wiedenhofer, Dominik; Pauliuk, Stefan; Krausmann, Fridolin; Müller, Daniel B.; Fischer-Kowalski, Marina (março de 2019). «Contributions of sociometabolic research to sustainability science». Nature Sustainability (em inglês) (3): 173–184. ISSN 2398-9629. doi:10.1038/s41893-019-0225-2. Consultado em 14 de dezembro de 2022 
  2. a b c (em inglês) Manuel; Toledo, Víctor M. (2014). The Social Metabolism: A Socio-Ecological Theory of Historical Change. [S.l.]: Springer. ISBN 978-3-319-06357-7 
  3. a b c (em castelhano) El metabolismo social: una nueva teoría socioecológica. Relaciones. 2013.
  4. «Economic Manuscripts: Capital: Volume One». www.marxists.org. Consultado em 20 de dezembro de 2022 
  5. Schaffartzik, Anke; Eisenmenger, Nina; Wiedenhofer, Dominik (2016). «Boundary Issues: Calculating National Material Use for a Globalized World». Cham: Springer International Publishing: 239–258. ISBN 978-3-319-33324-3. Consultado em 20 de dezembro de 2022 
  6. Ayres, Robert U.; Kneese, Allen V. (1969). «Production, Consumption, and Externalities». The American Economic Review (3): 282–297. ISSN 0002-8282. Consultado em 20 de dezembro de 2022 
  7. Daly, H (1993). Valuing the earth : economics, ecology, ethics. The Steady State Economy: Toward a political economy of biophysical equilibrium and moral growth. Herman E. Daly, Kenneth N. Townsend. Cambridge, Mass.: MIT Press. OCLC 26095952 
  8. Meadows, D. (1972). The Limits to Growth (PDF) (em inglês). [S.l.: s.n.] 
  9. a b Haberl, Helmut; Schmid, Martin; Haas, Willi; Wiedenhofer, Dominik; Rau, Henrike; Winiwarter, Verena (1 de abril de 2021). «Stocks, flows, services and practices: Nexus approaches to sustainable social metabolism». Ecological Economics (em inglês). 106949 páginas. ISSN 0921-8009. doi:10.1016/j.ecolecon.2021.106949. Consultado em 14 de dezembro de 2022 
  10. The Weight of Nations: Material Outflows from Industrial Economies (PDF). [S.l.]: World Resources Institute. 2000. ISBN 1-56973-439-9 
  11. Carpintero Redondo, Óscar (2005). El metabolismo de la economía española: recursos naturales y huella ecológica (1955-2000) (PDF) (em Spanish). [S.l.]: Fundación César Manrique. ISBN 84-88550-60-X 

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