Museologia

Entrada do Museu Ashmoleano, fundado em 1683, o primeiro dos museus modernos

Museologia (do grego μουσειόν = museión 'museu', lugar das musas, e λόγος = logos, razão) é a área do conhecimento que pesquisa a relação dos sujeitos humanos com os seus objetos/referências culturais socialmente relevantes, num dado contexto[1][2]. Está situada entre as ciências humanas e sociais, com corpus teórico próprio e uma linguagem de especialidade em constante expansão e consolidação[3].

Compreende a reflexão e a prática sobre museus e instituições culturais em atividades como a gestão/administração, pesquisa, documentação, curadoria, preservação, exposição e interpretação de coleções e referências culturais. Envolve também a teoria e a prática da preservação do patrimônio cultural e natural, principalmente a partir dos processos de patrimonialização e de musealização, estabelecendo frequentes diálogos interdisciplinares e de co-criação com diferentes comunidades[4].

Entre os museólogos distingue-se normalmente duas escolas: A Escola da Museologia, que defende esse campo como detentor de um estatuto científico próprio e, portanto, autônomo (Davis, Peter 2013), e a escola dos Estudos de Museus (Museum Studies), que aborda os museus como uma técnica ou um conjunto de práticas, sem constituir uma ciência específica.

Sucintamente, a tradição científica se desenvolveu bastante a partir dos anos 70, com os trabalhos de museólogos do Leste Europeu, como Zbyněk Zbyslav Stránský, Jan Jelínek, Anna Gregorová, Vinoš Sofka, dentre outros. Já na América, com o Canadá, México e Brasil foram desenvolvidas várias experiências marcantes de intervenção, que influenciaram os rumos da Museologia a nível global. O local de acolhimento de toda essa produção acadêmica, a nível internacional, se dá no Comitê Internacional de Museologia (ICOFOM) do Conselho Internacional de Museus (ICOM). Nesta tradição, distingue-se a abordagem da teoria social (museologia) da questão da técnica (museografia).

Na tradição dos Estudos de Museus, há também uma preocupação com a teoria social, embora sem assumir tal autonomia do disciplina científica. Porém, estes trabalhos ainda eram percebidos como trabalhos sobre museus na visão de outras disciplinas, como: a sociologia, a antropologia, as ciências naturais, a arqueologia, a comunicação, semiótica e os estudos culturais.

Apesar da procura de um corpo teórico para a formação da teoria social museológica, o Museu - enquanto instituição - se dedica à gestão, pesquisa e comunicação (em suas diversas formas) dentro ou fora, visando promover a cultura, a educação e as representações da sociedade.

  1. Mário Chagas (2005). «Cultura, Patrimônio e Memória». Revista Museu. Consultado em 16 de junho de 2024 
  2. Pedro Pereira Leite (2016). «Sobre a Nova Recomendação da UNESCO sobre Museus Colecções sua Diversidade e Função Social». Lisboa: Marca d’ Água: Publicações e Projetos. Informal Museology Studies (13): 19-53. Consultado em 16 de abril de 2024 
  3. Tereza Cristina Scheiner (2014). «Conceitos, Termos e Linguagens da Museologia: novas abordagens». Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)/Associação Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ANCIB). Anais do XV Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB): 4644-4663. Consultado em 16 de junho de 2024 
  4. Desvallées, André; Mairesse, François (2013). Conceitos-chave de Museologia (PDF). São Paulo: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus/Pinacoteca do Estado de São Paulo/Secretaria de Estado da Cultura. pp. 61–64. ISBN 978-85-8256-025-9  line feed character character in |editora= at position 75 (ajuda)

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