Trabalho reprodutivo

Young Housewife, pintura a óleo sobre tela de Alexey Tyranov, atualmente no Museu Russo em São Petersburgo, Rússia (década de 1840)

O trabalho reprodutivo ou trabalho da reprodução se refere tanto ao trabalho necessário para o sustento da vida e a sobrevivência humana na esfera doméstica quanto para a reprodução da raça humana realizado pela mulher. Esse trabalho envolve, por exemplo, a gravidez, o parto a lactância, cuidados alimentares, físicos e sanitários, a educação, o apoio afectivo e psicológico, a manutenção dos espaços e bens domésticos.[1][2][3][4]

Segundo Danièle Kergoat, existe uma divisão sexual do trabalho no modo de produção capitalista em que os homens assumem o trabalho produtivo e assalariado, dirigido a gerar bens e serviços, e as mulheres o trabalho reprodutivo doméstico e não remunerado, dirigido às atividades do cuidado e da reprodução da vida.[5] Tradicionalmente, o trabalho da reprodução não se reconhece nem económica nem socialmente.[6][7] As mudanças sociais no âmbito produtivo e reprodutivo obrigam a repensar a tradicional e desigual distribuição de cargas entre mulheres e homens bem como o reconhecimento social e económico do trabalho reprodutivo.[8]

O termo tem ganhado relevância na filosofia feminista e no discurso feminista como forma de chamar a atenção para a ligação rotineira entre mulheres e a esfera doméstica, onde o trabalho é reprodutivo e, portanto, não compensado e não reconhecido em um sistema capitalista. Os estudos sobre o trabalho mudaram em paralelo a entrada das mulheres no trabalho produtivo na década de 1970, proporcionando uma abordagem interseccionalista que reconhece que as mulheres têm feito parte da força de trabalho desde antes de sua incorporação na indústria caso o trabalho reprodutivo seja considerado.[9]

  1. (em inglês) Cecilia Beatriz Escobar, Unpaid Reproductive Labour. A Marxist Analysis[ligação inativa], Department of Economic Sciences, University of Athens
  2. (em castelhano) Mujer y trabajo - ACSUR - 2005, pág. 6, 7 y ss. Arquivado em 4 de março de 2016, no Wayback Machine.
  3. (em inglês) Silvia Federici, Revolution at Point Zero: Housework, Reproduction, and Feminist Struggle, PM Press, ISBN 978-1-60486-333-8, pag. 1 y ss
  4. (em castelhano) Trabajo reproductivo, estadísticas, en Eustat
  5. Rosa, Mislene Aparecida Gonçalves; Quirino, Raquel (2017). «TRABALHO PRODUTIVO E TRABALHO REPRODUTIVO NA VIDA DAS MULHERES: ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA TÊXTIL DE MINAS GERAIS». Polêm!ca: 70-71. doi:10.12957/polemica.2017.34304. Consultado em 24 de abril de 2021 
  6. (em castelhano) Luis Garrido, La revolución reproductiva, en Salud, dinero y amor, Cecilia Castaño Collado (coord.), Santiago Palacios (coord.), Alianza, 1996, págs. 205-238 Arquivado em 22 de junho de 2013, no Wayback Machine.
  7. (em castelhano) Carrasquer, P.; Torns, T.; Tejero, E. y Romero, A. El trabajo reproductivo, Universitat Autònoma de Barcelona. Departament de Sociologia, Barcelona, Papers, 1998
  8. (em castelhano) La relación entre los tiempos y las actividades del trabajo productivo y del reproductivo, Carlos Lozares, Pedro Roldán y Joel Martí, Dpto. Sociología, Universidad Autónoma de Barcelona, revista Trabajo, 2004, Universidad de Huelva, ISSN 1136-3819, págs. 165-186
  9. Duffy, Mignon (Junho de 2007). «Doing the Dirty Work: Gender, Race, and Reproductive Labor in Historical Perspective». Gender & Society. 21: 313–336. CiteSeerX 10.1.1.1031.9169Acessível livremente. ISSN 0891-2432. JSTOR 27640972. doi:10.1177/0891243207300764 

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