Xamanismo

Postal russo baseado em uma foto tirada em 1908 por S.I. Borisov, mostrando uma mulher xamã provavelmente da etnia Khakas.[1]

O xamanismo é um termo genericamente usado em referência a práticas etnomédicas, mágicas, religiosas (animista, primal), e filosóficas (metafísica), envolvendo cura, transe, transmutação e contato entre corpos e espíritos de outros xamãs, de seres míticos, de animais, dos mortos. Essencialmente técnicas de contato com o sagrado ou êxtase e, como analisa Jerome Rothenberg (1951-2010), utilizando uma linguagem, de certo modo precursora, do que conhecemos como poesia, uma criação de circunstancias linguísticas especiais como a canção e a invocação.[2]

A palavra xamã vem do russo - tungue saman - e corresponde a práticas dos povos não budistas das regiões asiáticas e árticas especialmente a Sibéria (região centro norte da Ásia). Apesar, como assinala Mircea Eliade, da especificidade dessas práticas na região (em especial as técnicas do êxtase dos tungues, iacutes, mongóis, turco-tártaros etc.), não existe, contudo, origem histórica ou geográfica para o xamanismo como conhecido hoje, tampouco algum princípio unificador.[3] Outros nomes para sua tradução seriam feiticeiros, médico-feiticeiros, magos, curandeiros e pajés.

Antropólogos discutem ainda na definição xamanismo a experiência biopsicossocial do transe e êxtase religioso, bem como as implicações sociais da definição do xamanismo como fato social. É considerado uma tradição equivalente à magia enquanto prática individualizada relacionada aos problemas e técnicas e ciência da sobrevivência cotidiana (agricultura, caça, medicina, etc.) ou ao fenômeno religioso, abstrato, coletivo, normatizador.[4][5]

  1. Hoppál, Mihály (2005) (hungarian) Sámánok Eurázsiában, Budapeste: Akadémiai Kiadó ISBN 963-05-8295-3 2. The title means “Shamans in Eurasia”, the book is written in Hungarian, but it is published also in German, Estonian and Finnish. (Wikimedia Commons)
  2. ROTHENBERG, Jerome. La poética del chamanismo, in: Ojo de Testimonio, Escritos Selectos de Jerome Rothenberg (1951-2010), Selección, traducción y notas de Heriberto Yépez, 2010, Siblila, Rev. de Poesia e Crítica Literária, ISSN 1806-289X
  3. ELIADE, Mircea. Xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase. São Paulo: Martins Fontes, 2002
  4. DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa. SP, Paulinas, 1989,
  5. MAUSS, Marcell Esboço de uma teoria geral da magia in Sociologia e antropologia. SP, Cosac Naif, 2003

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