Aborto

 Nota: Para outros significados, veja Aborto (desambiguação).
Aborto
Sinónimos Interrupção voluntária da gravidez
Especialidade obstetrícia
Classificação e recursos externos
CID-10 O04
CID-9 779.6
CID-11 e 1267452405 2036729570 e 1267452405
DiseasesDB 4153
MedlinePlus 002912
eMedicine article/252560
MeSH D000028
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Aborto ou interrupção da gravidez é a interrupção de uma gravidez resultante da remoção de um feto ou embrião antes de este ter a capacidade de sobreviver fora do útero. Um aborto que ocorra de forma espontânea denomina-se aborto espontâneo ou "interrupção involuntária da gravidez". Um aborto deliberado denomina-se "aborto induzido" ou "interrupção voluntária da gravidez". O termo "aborto", de forma isolada, geralmente refere-se a abortos induzidos. Nos casos em que o feto já é capaz de sobreviver fora do útero, este procedimento denomina-se "interrupção tardia da gravidez".[1]

Quando são permitidos por lei, os abortos em países desenvolvidos são um dos procedimentos médicos mais seguros que existem.[2][3] Os métodos de aborto modernos usam medicamentos ou cirurgia.[4] Durante o primeiro e segundo trimestres de gravidez, o fármaco mifepristona em associação com prostaglandina aparenta ter a mesma eficácia e segurança que a cirurgia.[4][5] Os contraceptivos, como a pílula ou dispositivos intrauterinos, podem ser usados imediatamente após um aborto.[5] Quando realizado de forma legal e em segurança, um aborto induzido não aumenta o risco de problemas físicos ou mentais a longo prazo.[6] Por outro lado, os abortos inseguros e clandestinos realizados por pessoas sem formação, com equipamento contaminado ou em instalações precárias são a causa de 47 000 mortes maternas e 5 milhões de admissões hospitalares por ano.[6][7]

Em todo o mundo são realizados 56 milhões de abortos por ano,[8] dos quais cerca de 45% são feitos de forma insegura.[9] Entre 2003 e 2008 a prevalência de abortos manteve-se estável,[10] depois de nas duas décadas anteriores ter vindo a diminuir à medida que mais famílias no mundo tinham acesso a planeamento familiar e contracepção.[11] A Organização Mundial de Saúde recomenda que todas as mulheres tenham acesso a abortos legais e seguros.[12] No entanto, em 2008 apenas cerca de 40% das mulheres em todo o mundo tinham acesso a abortos legais.[13] Os países que permitem o aborto têm diferentes limites no número máximo de semanas em que são permitidos.[13]

Ao longo da história, foi comum a prática de abortos com ervas medicinais, instrumentos aguçados, por via da força ou com outros métodos tradicionais.[14] A legislação e as perspetivas culturais e religiosas sobre o aborto diferem conforme a região do mundo. Em algumas regiões, o aborto só é legal em determinados casos, como violação, doenças congénitas, pobreza,[15] risco para a saúde da mãe ou incesto.[16] Em muitos locais existe debate social sobre as questões morais, éticas e legais do aborto.[17][18] Os grupos que se opõem ao aborto geralmente alegam que um embrião ou feto é um ser humano com direito à vida e comparam o aborto a um homicídio.[19][20] Os grupos que defendem a legalização do aborto geralmente alegam que a mulher tem o direito de decidir sobre o seu próprio corpo.[21]

  1. Grimes, DA; Stuart, G (2010). «Abortion jabberwocky: the need for better terminology». Contraception. 81 (2): 93–6. PMID 20103443. doi:10.1016/j.contraception.2009.09.005 
  2. Grimes, DA; Benson, J; Singh, S; Romero, M; Ganatra, B; Okonofua, FE; Shah, IH (2006). «Unsafe abortion: The preventable pandemic» (PDF). The Lancet. 368 (9550): 1908–1919. PMID 17126724. doi:10.1016/S0140-6736(06)69481-6. Cópia arquivada (PDF) em 29 de junho de 2011 
  3. Raymond, EG; Grossman, D; Weaver, MA; Toti, S; Winikoff, B (novembro de 2014). «Mortality of induced abortion, other outpatient surgical procedures and common activities in the United States». Contraception. 90 (5): 476–479. PMID 25152259. doi:10.1016/j.contraception.2014.07.012 
  4. a b Kulier, R; Kapp, N; Gülmezoglu, AM; Hofmeyr, GJ; Cheng, L; Campana, A (9 de novembro de 2011). «Medical methods for first trimester abortion.». The Cochrane Database of Systematic Reviews (11): CD002855. PMID 22071804. doi:10.1002/14651858.CD002855.pub4 
  5. a b Kapp, N; Whyte, P; Tang, J; Jackson, E; Brahmi, D (setembro de 2013). «A review of evidence for safe abortion care». Contraception. 88 (3): 350–63. PMID 23261233. doi:10.1016/j.contraception.2012.10.027 
  6. a b Lohr, PA; Fjerstad, M; Desilva, U; Lyus, R (2014). «Abortion». BMJ. 348: f7553. doi:10.1136/bmj.f7553 
  7. Shah, I; Ahman, E (dezembro de 2009). «Unsafe abortion: global and regional incidence, trends, consequences, and challenges» (PDF). Journal of Obstetrics and Gynaecology Canada. 31 (12): 1149–58. PMID 20085681. Arquivado do original (PDF) em 16 de julho de 2011 
  8. Sedgh, Gilda; Bearak, Jonathan; Singh, Susheela; Bankole, Akinrinola; Popinchalk, Anna; Ganatra, Bela; Rossier, Clémentine; Gerdts, Caitlin; Tunçalp, Özge; Johnson, Brooke Ronald; Johnston, Heidi Bart; Alkema, Leontine (maio de 2016). «Abortion incidence between 1990 and 2014: global, regional, and subregional levels and trends». The Lancet. 388: 258–67. PMC 5498988Acessível livremente. PMID 27179755. doi:10.1016/S0140-6736(16)30380-4 
  9. «Worldwide, an estimated 25 million unsafe abortions occur each year». World Health Organization. 28 de setembro de 2017. Consultado em 29 de setembro de 2017 
  10. Sedgh, G.; Singh, S.; Shah, I. H.; Åhman, E.; Henshaw, S. K.; Bankole, A. (2012). «Induced abortion: Incidence and trends worldwide from 1995 to 2008» (PDF). The Lancet. 379 (9816): 625–632. PMID 22264435. doi:10.1016/S0140-6736(11)61786-8. Cópia arquivada (PDF) em 6 de fevereiro de 2012. Dado que poucas estimativas de aborto se basearam em estudos de amostras aleatórias de mulheres, e porque não utilizámos uma abordagem baseada em modelos para estimar a incidência do aborto, não foi possível calcular intervalos de confiança com base em erros padrão em torno das estimativas. Com base nas informações disponíveis sobre a exatidão e precisão das estimativas de aborto que foram usadas para desenvolver as taxas sub-regionais, regionais e mundiais, calculamos intervalos de certeza em torno dessas taxas (apêndice na web). Calculamos intervalos mais amplos para taxas de aborto inseguro do que para taxas de aborto seguro. A base para estes intervalos incluiu avaliações publicadas e não publicadas de relatórios de aborto em países com leis liberais, estudos recentemente publicados sobre abortos inseguros a nível nacional e estimativas altas e baixas dos números de abortos inseguros desenvolvidas pela OMS. 
  11. Sedgh G, Henshaw SK, Singh S, Bankole A, Drescher J (setembro de 2007). «Legal abortion worldwide: incidence and recent trends». International Family Planning Perspectives. 33 (3): 106–116. PMID 17938093. doi:10.1363/ifpp.33.106.07. Cópia arquivada em 19 de agosto de 2009 
  12. World Health Organization (2012). Safe abortion: technical and policy guidance for health systems (PDF) 2nd ed. Geneva: World Health Organization. p. 8. ISBN 9789241548434. Cópia arquivada (PDF) em 16 de janeiro de 2015 
  13. a b Culwell KR, Vekemans M, de Silva U, Hurwitz M (julho de 2010). «Critical gaps in universal access to reproductive health: Contraception and prevention of unsafe abortion». International Journal of Gynecology & Obstetrics. 110: S13–16. PMID 20451196. doi:10.1016/j.ijgo.2010.04.003 
  14. Joffe, Carole (2009). «1. Abortion and medicine: A sociopolitical history». In: M Paul, ES Lichtenberg, L Borgatta, DA Grimes, PG Stubblefield, MD Creinin. Management of Unintended and Abnormal Pregnancy (PDF) 1st ed. Oxford, United Kingdom: John Wiley & Sons, Ltd. ISBN 978-1-4443-1293-5. OL 15895486W. Cópia arquivada (PDF) em 21 de outubro de 2011 
  15. Thomas W. Volscho, “Racism and Disparities in Women’s Use of the Depo-Provera Injection in the Contemporary USA,” Crit Sociol 2011 37: 673, June 3, 2011,
  16. Boland, R.; Katzive, L. (2008). «Developments in Laws on Induced Abortion: 1998–2007». International Family Planning Perspectives. 34 (3): 110–120. PMID 18957353. doi:10.1363/ifpp.34.110.08. Cópia arquivada em 7 de outubro de 2011 
  17. Nixon, edited by Frederick Adolf Paola, Robert Walker, Lois LaCivita (2010). Medical ethics and humanities. Sudbury, Mass.: Jones and Bartlett Publishers. p. 249. ISBN 9780763760632. OL 13764930W. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2017 
  18. Johnstone, Megan-Jane (2009). Bioethics a nursing perspective 5th ed. Sydney, N.S.W.: Churchill Livingstone/Elsevier. p. 228. ISBN 9780729578738. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2017. Although abortion has been legal in many countries for several decades now, its moral permissibilities continues to be the subject of heated public debate. 
  19. Pastor Mark Driscoll (18 de outubro de 2013). «What do 55 million people have in common?». Fox News. Consultado em 2 de julho de 2014. Cópia arquivada em 31 de agosto de 2014 
  20. Hansen, Dale (18 de março de 2014). «Abortion: Murder, or Medical Procedure?». The Huffington Post. Consultado em 2 de julho de 2014. Cópia arquivada em 14 de julho de 2014 
  21. Sifris, Ronli Noa (2013). Reproductive freedom, torture and international human rights: challenging the masculinisation of torture. Hoboken: Taylor & Francis. p. 3. ISBN 9781135115227. OCLC 869373168. Cópia arquivada em 15 de outubro de 2015 

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