Autonomismo


Autonomismo também conhecido como marxismo autonomista ou movimento autônomo, é uma corrente e teoria política da esquerda anticapitalista vinculado à esquerda libertária. Tem como principal característica enfatizar o poder de luta autônomo dos trabalhadores em relação ao capital e também em relação às organizações oficiais (p.ex. sindicatos e partidos políticos).[1] Como sistema teórico identificável, surgiu pela primeira vez na Itália na década de 1960 a partir do operaísmo, tendo precedentes e sendo influenciado por grupos como o Socialismo ou Barbárie e a tendência Johnson-Forest, considerados precursores do movimento. Mais tarde, as tendências pós-marxistas e anarquistas tornaram-se mais significativas após a influência dos situacionistas, o fracasso dos movimentos de extrema-esquerda italianos na década de 1970 e o surgimento de uma série de teóricos importantes, incluindo Antonio Negri que contribuiu para a fundação em 1969 da Potere Operaio, bem como de Mario Tronti , Raniero Panzieri , Paolo Virno e Franco "Bifo" Berardi.

George Katsiaficas resume as formas de atuação dos movimentos autônomos dizendo que "em contraste com as decisões centralizadas e estruturas de autoridade hierárquicas das instituições modernas, os movimentos sociais autônomos envolvem as pessoas diretamente nas decisões que afetam suas vidas cotidianas, buscando expandir a democracia e ajudar os indivíduos a se libertarem das estruturas políticas e padrões de comportamento impostos de fora "[2]. Isto envolveu um apelo à independência dos movimentos sociais dos partidos políticos[2] numa perspectiva revolucionária que procura criar uma alternativa política prática tanto ao socialismo autoritário/estatal como à democracia representativa contemporânea.[2]

O autonomismo influenciou vários movimentos alemães e holandeses e hoje é influente na Itália, França e, em menor medida, nos países de língua inglesa. Aqueles que se descrevem como autonomistas variam de marxistas a anarquistas[3] e também pós-marxistas[4], a exemplo das elaborações tardias de Negri com as ideias de Gilles Deleuze e também o "projeto da autonomia" de Cornelius Castoriadis.

Dentre os autores de destaque como influentes dentro dessa linha de pensamento podemos citar Antonio Negri, George Caffentzis, Adriano Sofri, Raniero Panzieri, Silvia Federici, C.L.R James, Raya Dunaevskaya, Maurice Brinton, Daniel Mothé, Cornelius Castoriadis, Grace Lee Bogs, João Bernardo, Karl Heinz Roth, dentre outros.

  1. autonomistablog (5 de agosto de 2016). «Uma entrevista sobre o autonomismo, por Harry Cleaver e Massimo de Angelis». autonomista!. Consultado em 31 de dezembro de 2021 
  2. a b c Katsiaficas, George (2006). The Subversion of Politics: European Autonomous Social Movements and the Decolonization of Everyday Life. Estados Unidos: AK Press. p. 8 
  3. International Communist Tendency (3 de setembro de 2017). «Autonomism: cutting the ground from under Marxism». Lib.Com. Consultado em 30 de dezembro de 2021 
  4. Paramio, Ludolfo (março de 1989). «Após o dilúvio: Introdução ao pós-marxismo». Lua Nova: Revista de Cultura e Política: 123–152. ISSN 0102-6445. doi:10.1590/S0102-64451989000100006. Consultado em 31 de dezembro de 2021 

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