Capitania-Geral do Chile

A Capitania-Geral do Chile (em espanhol: Capitanía General de Chile), conhecida também como Reyno de Chile ("Reyno" do espanhol antigo; "Reino do Chile" em português e Reino de Chile em espanhol moderno),[1] foi uma entidade territorial integrante do Império Espanhol, que abrangeu parte do extremo sudoeste da América do Sul, principalmente no que hoje corresponde ao Chile e às regiões ocidentais da Argentina. Sua capital era a cidade de Santiago de Nueva Extremadura (ou "Santiago do Chile"), com exceção do período entre 1560 e 1575, quando Concepción foi elevada à capital, substituíndo a anterior.



Capitanía General de Chile
Capitania-Geral do Chile

1540 – 1818
 

Bandeira de Chile

Bandeira
Localização de Chile
Localização de Chile
Capitania-Geral do Chile em 1796, em verde; territórios reivindicados em verde-claro.
Continente América do Sul
Capital Santiago (1541–1560, 1575–1818)
Concepción (1560-1575)
Língua oficial espanhol
Governo Capitania-Geral
Governador real
 • 1541–1547 Pedro de Valdivia (primeiro)
 • 1815–1817 Casimiro Marcó del Pont (último)
História
 • 26 de outubro de 1540 Conquista do Chile
 • 10 de outubro de 1814 Batalha de Rancagua
 • 12 de fevereiro de 1817 Batalha de Chacabuco
 • 5 de abril de 1818 Batalha de Maipú
 • 12 de fevereiro de 1818 Independência
Atualmente parte de Chile Chile
Argentina Argentina

Embora o termo "Capitania-Geral" (Capitanía General) reflicta apenas uma divisão de carácter militar, estabelecida em 1778,[2] atualmente é utilizado também para referir-se ao governo fundado em 1541 como Governo de Nova Estremadura ou Governo do Chile.[3][4][5] De maneira coloquial e não oficial foi conhecido como o "Reino do Chile" ("Reyno" de Chile na antiga grafia castelhana) para dizer figurativamente os domínios chilenos, embora na documentação oficial, cartas, ofícios, etc, o país é referido como "Reyno de Chile".[6][7]

Este território foi estabelecido pela Coroa espanhola durante seu período de colonização na América, após ser separada da jurisdição nominal do governo da Nova Andaluzia e o assentamento definitivo dos primeiros espanhóis junto a Pedro de Valdivia em 1541. Durante grande parte de sua história, a entidade se manteve sob supervisão do Vice-Reino do Peru até a definitiva separação do mesmo reino em 1798.[8]

Em grandes traços, o Chile abrangeu principalmente o setor entre o despovoado de Atacama pelo norte, o Oceano Pacífico pelo oeste e o Rio Biobío pelo sul, no setor conhecido como La Frontera, embora existissem territórios isolados de origem espanhola mais ao sul sob sua jurisdição de maneira intermitente, como os corregimentos de Valdivia, de Osorno e o governo de Chiloé. Para o leste da Cordilheira dos Andes, o governo do Chile chegou a abarcar também o território tucumano de 1553 até 1563 e o co-governo de Cuyo desde 1568 -ambos na atual Argentina durante grande parte de sua história até a instauração provisória do Vice-Reino do Rio da Prata em 1777 (criado por cédula real de 1776 e definitivamente instalado por outra de 1778).

A Capitania Geral do Chile com uma Real Audiencia pretorial que já só respondia ao Conselho das Índias, foi a máxima entidade territorial durante o período colonial chileno desde 1798 e durante sua existência teve uma extensão difícil de precisar. Embora nominalmente em seus inícios se falou da inclusão até da desconhecida Terra Australis,[9] a dominação espanhola nunca conseguiu impor-se totalmente sobre os povos mapuche, aos quais enfrentaram na Guerra de Arauco, nem nas terras patagónicas; a região antártica, enquanto, não seria descoberta senão até avançado o século XIX.

A Capitania-Geral chilena como tal se manteve até 1810, quando se estabeleceu o primeiro governo de origem local. Embora nominalmente existisse pelos anos seguintes, o governo local exerceu cada vez maior poder autônomo no que se conhece como a "Pátria Velha". Em 1814, o governo local foi derrotado e restaurou-se o governador monárquico que permaneceu em funções até 1817. No ano seguinte, foi proclamada a independência do Chile, que seria concretizada nos meses seguintes. Assim, a capitania geral desapareceu para formar o núcleo da atual República do Chile.

  1. «El Reyno de Chile: 1535-1810: estudio histórico, genealógico y biográfico - Memoria Chilena». Memoria Chilena: Portal (em espanhol). Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  2. Ribera Arteaga, Leonor; en "El derecho internacional y la misión de la universidad por la paz" (p. 132, ed. Publicaciones de la Fundación Cultural Ramón Darío Gutiérrez, 190 págs., año 1967).
  3. de Valdivia, Pedro. «Carta de Pedro de Valdivia al emperador Carlos V». 15 de outubro de 1550. Consultado em 1 de maio de 2012 
  4. Barros Van Buren, Mario. «La monarquía universal de España». Historia diplomática de Chile (1541-1938). 1990 [1970] 2.ª ed. Santiago de Chile: Editorial Andrés Bello. 6 páginas. ISBN 956-13-0776-5 Verifique |isbn= (ajuda). Consultado em 1 de maio de 2012 
  5. Escala Escobar, Manuel, con Carlos Fortín y Fernando Fuentealba Jiménez, en "Historia didáctica de Chile crono-antológica. Desde la época precolombina hasta 1973" (pp. 52, 109 y 471, ed. Hernández-Blanco, 1015 págs., año 1985).
  6. Febrés Oms SJ, Andrés (1765). Arte de la lengua general del Reyno de Chile. Lima: [s.n.] Consultado em 17 de março de 2011 
  7. Molina, Juan Ignacio (1788). «Libro Primero». Compendio de la historia geográfica, natural y civil del Reyno de Chile. Domingo Joseph de Arquellada Mendoza (traductor). Madrid: [s.n.] Consultado em 26 de setembro de 2010 
  8. Gobierno del Perú en "Colección de los tratados, convenciones, capitulaciones, armisticios y otros actos diplomáticos y políticos: celebrados desde la independencia hasta el día, precedida de una introducción que comprende la época colonial" (v. 1, p. 183, ed. Impr. del Estado, Lima, Perú, año 1890).
  9. Tagle Martínez, Hugo (1996). «Segunda Parte. Chile Hispánico». Curso de Historia del Derecho Constitucional. Santiago: Editorial Jurídica de Chile. ISBN 956-10-1139-5 

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