Coronelismo

Batalhão de Fuzileiros da Guarda Nacional

Coronelismo é um brasileirismo usado para definir a complexa estrutura de poder que tem início no plano municipal, exercido com hipertrofia privada – a figura do coronel – sobre o poder público — o Estado —, e tendo como caracteres secundários o mandonismo, o filhotismo (ou apadrinhamento), a fraude eleitoral e a desorganização dos serviços públicos — e abrange todo o sistema político do país, durante a República Velha.[1][2][3] Era representado por lideranças que iam desde o "áspero guerreiro" Horácio de Matos a um letrado Veremundo Soares, possuindo como "linha-mestra" o controle da população.[4] Como forma de poder político consiste na figura de uma liderança local — o coronel —que define as escolhas dos eleitores em candidatos por ele indicados.[5]

O voto branco e nulo são resquícios desse coronelismo, já que esses votos só facilitavam a entrada dos candidatos no poder. Funcionava da seguinte forma: em uma cidade com 100 mil habitantes e 10 candidatos, por exemplo, para ser eleito eram necessários 10 mil votos. Se 2 mil pessoas votassem branco ou nulo, só eram necessários 8 mil votos para se eleger. Desse modo, menos votos teriam de ser comprados e menos pessoas ameaçadas (Voto de cabresto).

Como período histórico no Brasil, compreende o intervalo desde a Proclamação da República (1889) até a prisão dos coronéis baianos, pela Revolução de 1930, tendo seu fim simbólico no assassinato de Horácio de Matos, no ano seguinte,[4] sendo definitivamente sepultado com a derrubada do caudilho gaúcho Flores da Cunha, com a implantação do Estado Novo em 1937.[6] Entretanto, como integrantes da Guarda Nacional, os oficiais civis exerceram influência entre 1831 e 1918 (ou 1924).[7]

Como forma de mandonismo, o coronelismo tem origem no período colonial - quando era inicialmente absoluto o poder do chefe local, evoluindo em seguida para formas mais elaboradas de controle, chegando nas modernas formas de clientelismo.[4] Embora o cargo de "coronel" da Guarda Nacional tenha sido originado quando da criação da própria Guarda Nacional no Período Regencial quando era Ministro da Justiça o padre Diogo Antônio Feijó (1831), não era o mesmo que a patente militar do Exército Brasileiro e, como fenômeno social e político, teve lugar após o advento da república.[8]

  1. Sua Pesquisa. «Coronelismo». Consultado em 14 de janeiro de 2012 ; Dicionário Aurélio, verbete coronelismo
  2. CARONE, Edgard (1971). Coronelismo: definição histórica e bibliografia. [S.l.]: Revista de Administração de Empresas, vol. 11, n.º3. pp. 85–89 
  3. Victor Nunes Leal (1997). Coronelismo, Enxada e Voto. [S.l.]: Forense, Rio de Janeiro, 3.ª ed. 
  4. a b c CARVALHO, José Murilo de. Colaboração especial in: ABREU, Alzira Alves de. (1984). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro (1930-1983). [S.l.]: CPDOC/FGV/Forense. pp. 932–933  - verbete coronelismo.
  5. JANOTI, Maria de Lourdes Monaco (1992). Coronelismo: uma política de compromissos 8.ª ed. [S.l.]: Brasiliense, São Paulo. ISBN 85-11-02013-6 
  6. José Murilo de Carvalho (1997). «Mandonismo, Coronelismo, Clientelismo: Uma Discussão Conceitual». Dados vol. 40 no. 2 Rio de Janeiro. Consultado em 7 de julho de 2010 
  7. Flávio Henrique Dias Saldanha (abril de 2001). «A Guarda Nacional e os Oficiais do Povo: integração e prestígio social no brasil oitocentista, 1831-1850». Consultado em 6 de julho de 2010 [ligação inativa]
  8. SILVA, Francisco de Assis. BASTOS, Pedro Ivo de Assis (1988). História do Brasil: Colônia, Império e República 2.ª. [S.l.]: Moderna. pp. 220–221 

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