Discurso

 Nota: Para outros significados, veja Discurso (desambiguação).
Winston Churchill usou métodos discursivos enfatizando a luta por soberania durante a Segunda Guerra Mundial.[1]

O termo discurso admite muitos significados. O mais conhecido deles é do discurso como uma exposição metódica sobre certo assunto. Um conjunto de ideias organizadas por meio da linguagem de forma a influir no raciocínio, ou quando menos, nos sentimentos do ouvinte ou leitor.

Outro significado corrente, muito usado entre os linguistas, cientistas sociais e estudiosos da Comunicação - como Michel Foucault e Émile Benveniste -, porém menos difundido, é do o discurso como algo que sustenta e ao mesmo tempo é sustentado pela ideologia de um grupo ou instituição social. Ou seja, ele é baseado em um conjunto de pensamentos e visões de mundo derivados da posição social desse grupo ou instituição que permitem que esse grupo ou instituição se sustente como tal em relação à sociedade, defendendo e legitimando sua ideologia, que é sempre coerente com seus interesses.

O termo discurso é ainda reivindicado por linguistas, psicólogos, antropólogos e sociólogos de diversas orientações teóricas. Assim, ora aparece associado a perspectivas cognitivistas, ora a concepções interacionistas, pragmáticas etc. Há ainda aproximações do termo discurso com conceitos como o de texto e o de gênero textual, sendo que nas abordagens mais textuais a ideia de unidade semântica do texto se apresenta como fator relevante. Na visão de Trask (2006, p. 84), é o fato de um dado texto escrito ou falado ser conexo que o caracteriza como discurso. Nesse sentido, são importantes as noções de coesão e coerência, oriundos da Linguística Textual.

A diversidade de acepções em que se emprega a noção de discurso resulta em que perspectivas teóricas bastante distintas e até antagônicas façam uso corrente do termo. É assim que além da tradição francesa de Análise do Discurso e das teorias enunciativas - como a de Benveniste - outras orientações, majoritária e originalmente de institucionalização anglo-saxônica e americana, tais como a Linguística Textual, a Sociolinguística Interacional, a Análise da Conversação, dentre outras, apliquem frequentemente o termo em seus próprios campos, reconceitualizando-o de acordo com seus respectivos referenciais teóricos. Parte da confusão em torno da ideia de discurso pode ser explicada pela afirmação de Maingueneau (2008) de que em algumas disciplinas a noção é tomada como objeto, ao passo que em outras se configura como ponto de vista.

O segundo significado apontado anteriormente não deve ser confundido com as noções de texto e de enunciado, pois, enquanto estes se referem principalmente a uma manifestação específica e concreta da linguagem, o discurso é algo que vai além dos textos e enunciados que se baseiam nele. O discurso dá sustentação aos enunciados e ao mesmo tempo é reforçado pelos enunciados que o realizam, mas nunca poderá se restringir a um enunciado específico nem poderá existir sem esses enunciados.

O movimento Black Lives Matter é um exemplo de movimento ideológico que visa debater e mudar socialmente a situação da população afro-descendente nos Estados Unidos.[2]

De meados do século XX até os dias de hoje, consolidaram-se três maneiras distintas de empregar o discurso:

  • como demarcação dos campos do saber, seja ele prático ou teórico. É o que queremos dizer, por exemplo, com o discurso do jornalismo, o discurso da física, entre outros.
  • como demarcação de planos ideológicos (o discurso marxista e o discurso fundamentalista, por exemplo).
  • como demarcação de planos históricos ou epistemológicos (é caso dos discursos renascentista, iluminista, geneticista, criacionista etc).
  1. Churchill, Winston, 1874-1965, author. The Second World War. [S.l.: s.n.] OCLC 930839232 
  2. Edwards, Sue Bradford, author. Black Lives Matter. [S.l.: s.n.] OCLC 911073267 

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