Ecologia profunda

A ecologia profunda denomina uma corrente do ambientalismo e da filosofia ambiental elaborada inicialmente pelo filósofo norueguês Arne Næss, que cunhou o termo em 1972.[1] A ecologia profunda é caracterizada pela oposição ao antropocentrismo e à denominada ecologia rasa, e se dedica mais à elaboração ontológicas e epistemológicas que pretendem transcender a atual centralidade dos valores humanos na atitude para com a natureza.[1] Os adeptos dessa linha argumentam que a filosofia ambiental deve reconhecer os valores objetivamente inerentes da natureza de forma independente das necessidades, desejos e anseios humanas.[2] A ecologia profunda foi popularizada tanto pela ação de ativistas ambientais inspirados por essa filosofia, quanto de intelectuais que estabeleceram associações com diversas outras áreas dentro da filosofia e fora. Dado essas proliferação, torna-se difícil perceber o que é comum às diversas manifestações da ecologia profunda, tanto dentro das elaborações intelectuais quanto na relação entre esta e as práticas ativistas inspiradas.[2]

Filosoficamente, a ecologia profunda é uma abordagem fenomenológica das filosofias ambiental, que busca fundamentar os valores do holismo - segundo o qual a biosfera não é constituida de unidades separadas, mas de indivíduos interligados com formam um todo integral - e do igualitarismo biocentrico - que defende que todas as formas vivas tem em princípio um valor igual. Possuem, nas palavras de Naess, "‘‘o direito igual de viver e aflorar é intuitivamente clara e um axioma de valor óbvio". É através da experiência direta da natureza não-humana o ser humano reconheceria o valor intrinseco de toda a vida e sua interconeção com a totalidade do mundo vivo.[2] A ecologia profunda se baseia na noção de 'auto-realização' para denominar essa compreensão ética intuitíva que transcende concepções de limites ontológicos e promove a incorporação do mundo vivo dentro do Eu.[3] Esse método de auto-realização "(...)é identificação: ao reconhecer o valor intrínseco de outros seres vivos, se reconhece a solidariedade com todas as formas de vida".[3]

  1. a b Katz 1991, p. 85.
  2. a b c Callicott & Frodeman 2009, p. 206.
  3. a b Callicott & Frodeman 2009, p. 207.

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