Eunuco

Eunuco

Eunuco (em latim: eunuchus; em grego clássico: εὐνοῦχος; romaniz.: eunouchos, composto de εὐνή «cama» e ἔχω no sentido de «vigiar», ou seja, «vigilante da cama») é um homem que teve sua genitália removida parcial ou totalmente, por motivação bélica, punição criminal, imposição religiosa ou para servirem em funções sociais específicas. Se convertido a eunuco já adulto, o indivíduo perde a capacidade de reprodução e tem uma substancial perda hormonal em seu organismo. Porém se convertido antes da puberdade, além de ter impossibilitada a reprodução, o indivíduo torna-se incapaz de desenvolver os mínimos traços masculinos, como estrutura muscular e engrossamento de voz, devido a total falta de testosterona em seu organismo.[1]

As graves consequências a curto prazo da castração são as hemorragias[2] e infecções,[3] que podem ocasionar a morte. A longo prazo existem muitas outras, físicas e psicológicas.

Ao longo de milénios os eunucos desempenharam uma grande variedade de funções em muitas culturas diferentes: cortesãos ou domésticos, espiões, cantores castrados, concubinos, ou parceiros sexuais, religiosos, soldados, guardas reais, funcionários do governo, e guardiães dos haréns.

Ao longo da história, diversas civilizações utilizaram a castração humana como arma de guerra. Na Ásia, foi praticada desde o Império Assírio, na antiguidade, até o Império Coreano, na idade moderna. Jovens príncipes de reinos conquistados eram tomados ainda crianças como prisioneiros de guerra e convertidos em eunucos. Assim, por ter o organismo fortemente debilitado pela falta de testosterona, eram utilizados como serviçais nos palácios, sendo os únicos homens com acesso à família real e às concubinas do imperador. Tal prática tinha como objetivo desencorajar lideranças e frustrar o sentimento de independência em meio ao povo dominado.[4][5][ligação inativa]

A prática também foi empregada como punição criminal. Na Grécia Antiga a conversão era imposta a quem reincidia em adultério ou em crime de estupro.[6]

Seitas religiosas também impuseram a prática como forma de alcançar a "espiritualidade". Porém, com o avanço da liberdade individual e devido ao maior acesso à educação, estes grupos perderam espaço e foram, em sua grande maioria, extintos. No entanto, a prática de fabricar eunucos ainda é comum em seitas no sudeste da Ásia, especialmente na vitimização de crianças.[7]

Atualmente, a mutilação de prisioneiros de guerra para formação de eunucos é considerada crime de guerra pela Convenção de Genebra.[8] Da mesma forma, a mutilação genital por imposição religiosa é condenada pela civilização e reconhecida como violação dos direitos humanos pela Organização das Nações Unidas.[9][10][11]

  1. «Os eunucos podiam ter ereção? E os cantores de ópera castrados?». Revista Super Interessante. Consultado em 24 de novembro de 2017 
  2. Dale, Melissa (2010). «Understanding Emasculation: Western Medical Perspectives on Chinese Eunuchs.». Social History of Medicine. 23 (1): 38-55 
  3. Wilson, Jean; Roehrborn, Claus (1999). «Long-Term Consequences of Castration in Men: Lessons from the Skoptzy and the Eunuchs of the Chinese and Ottoman Courts». The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism. 84 (12): 4324–4331 
  4. «Homens castrados têm vida mais longa, diz estudo». BBC. Consultado em 24 de novembro de 2017 
  5. «La maldición de los eunucos». Historia y Vida. Consultado em 24 de novembro de 2017 
  6. «Quem foram os eunucos? Eles podiam ter ereção?». Revista Mundo Estranho. Consultado em 24 de novembro de 2017 
  7. «Eunucos pedem título de eleitor na Índia». Folha de S.Paulo. Consultado em 24 de novembro de 2017 
  8. «DECRETO Nº 42.121, DE 21 DE AGOSTO DE 1957». Câmara dos deputados. Consultado em 24 de novembro de 2017 
  9. «A mutilação genital é uma violação dos direitos humanos». ONU. Consultado em 24 de novembro de 2017 
  10. «Cerca de 68 milhões de meninas e mulheres sofrerão mutilação genital até 2030, diz Fundo de População da ONU». ONU. Consultado em 24 de novembro de 2017 
  11. «ONU identifica crimes contra a humanidade cometidos por militares no Sudão do Sul». ONU. Consultado em 24 de novembro de 2017 

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