Evo Morales

Juan Evo Morales Ayma
Evo Morales
65.º Presidente da Bolívia
Período 22 de janeiro de 2006
a 10 de novembro de 2019[1]
Vice-presidente Álvaro García Linera
Antecessor(a) Eduardo Rodríguez Veltzé
Sucessor(a) Jeanine Áñez
Dados pessoais
Nascimento 26 de outubro de 1959 (64 anos)
Orinoca, Oruro
Partido MAS-IPSP
Profissão Cocalero, político, sindicalista
Assinatura Assinatura de Evo Morales
Serviço militar
Lealdade  Bolívia
Serviço/ramo Exército Boliviano
Anos de serviço 1972–1982
Unidade 4.º Regimento Ingavi de Cavalaria

Juan Evo Morales Ayma (Orinoca, 26 de outubro de 1959) é um político boliviano. Foi presidente da Bolívia por três mandatos consecutivos, de 2006 a 2019.

Líder sindical dos cocaleros — agricultores que cultivam a planta da Coca, cuja folha é utilizada em chás, mascada, segundo a tradição indígena do partido Movimento para o Socialismo-Instrumento Político pela Soberania dos Povos (MAS-IPSP). Evo Morales destacou-se ao resistir os esforços do governo dos Estados Unidos para substituição do cultivo da planta da Coca, na província de Chapare, por bananas, originárias do Brasil.[2]

De orientação socialista, o foco do seu governo foi a implementação da reforma agrária e a nacionalização de setores chaves da economia, contrapondo-se à influência dos Estados Unidos e das grandes corporações nas questões políticas internas da Bolívia.[3][4] De etnia uru-aimará, Morales destacou-se a partir dos anos 1980, juntamente com Felipe Quispe e Sixto Jumpiri e alguns outros, na liderança do campesinato indígena do seu país.[5]

Nas eleições presidenciais de 2002 ficou em segundo lugar, colocação surpreendente face ao panorama político do país, dominado pelos partidos tradicionais. Nas eleições de dezembro de 2005, porém, venceu com maioria absoluta, tornando-se o primeiro presidente de origem indígena. Assumiu o poder em 22 de janeiro de 2006 como o primeiro mandatário boliviano a ser eleito Presidente da República em primeiro turno em mais de trinta anos, e sendo reeleito em 6 de dezembro de 2009.[6] Morales propõe que o problema da cocaína seja resolvido do lado do consumo, pois o cultivo da planta da Coca seria "um patrimônio cultural dos povos andinos e parte inseparável da cultura boliviana e sua proibição não poderia ser feita através de uma simples regulação estabelecida por uma convenção externa". Segundo Morales, "haverá zero cocaína, zero tráfico de drogas mas não zero coca".[7][8]

Durante a sua presidência, a pobreza extrema na Bolívia foi reduzida de 36,7% a 16,8% entre 2005 e 2015. O Coeficiente de Gini desceu de 0,60 a 0,47.[9] Aumentado imposto sobre a grande indústria boliviana de hidrocarbonetos, ele usou esses novos lucros para criar políticas sociais de combate ao analfabetismo, pobreza, racismo e sexismo. Um crítico do neoliberalismo, buscou reduzir a dependência monetária da Bolívia do FMI e do Banco Mundial, apostando numa economia mista. O PIB boliviano cresceu consideravelmente durante o governo Morales.[10] Gozou de alta popularidade durante a primeira década que esteve no poder, sendo reeleito em 2009, em 2014 e, de forma controversa, em 2019. Ainda assim, seu governo foi marcado por acusações de corrupção e abuso de poder, com a Bolívia sendo ranqueada baixo nos índices de democracia global.[11] Na política externa, Morales buscou boas relações com outros líderes de esquerda, como Hugo Chávez, Nicolás Maduro, Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner.[12] É membro fundador do Grupo de Puebla, organização considerada sucessora do Foro de São Paulo,[13] criada em Puebla, México, em 12 de Julho de 2019.[14]

No dia 10 de novembro de 2019 Morales renunciou o cargo que ocupava desde 2006, depois de três semanas de protestos no país, por suspeita de fraude nas eleições de outubro, que haviam dado a ele um novo mandato. A OEA apontou irregularidades na votação, e as Forças Armadas haviam 'sugerido' que ele abrisse mão do mandato.[15] O governo e parte da comunidade internacional denunciaram o ocorrido como um golpe de Estado.[16][17][18]

  1. Manetto, Francesco (13 de novembro de 2019). «A senadora Jeanine Áñez assume a presidência da Bolívia sem quórum no Parlamento». EL PAÍS. Consultado em 15 de novembro de 2019 
  2. «Biografia de Evo Morales». www.biografiasyvidas.com (em espanhol). Biografia y Vidas. Consultado em 29 de janeiro de 2018 
  3. «Reforma agrária de Evo Morales recebe críticas e aplausos - 17/05/2006 - UOL Últimas Notícias». noticias.uol.com.br. Consultado em 14 de agosto de 2019 
  4. Carmo, Marcia (16 de novembro de 2018). «Os desafios de Bolsonaro nas relações com a Bolívia de Evo Morales» (em inglês) 
  5. Langman, Jimmy (11 de dezembro de 2005). «A Native Speaker». The Daily Beast. Consultado em 29 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 17 de setembro de 2012 
  6. Gualdoni, Fernando (7 de dezembro de 2009). «Morales arrasa en las elecciones de Bolivia». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 29 de janeiro de 2018 
  7. Emery, Alex (18 de dezembro de 2005). «Bolivia's Morales Leads in Election Exit Polling». Bloomberg. Consultado em 29 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 17 de julho de 2012 
  8. Quispe, Felipe (7 de agosto de 2009). «Cenários bolivianos (3) – Movimentos Sociais Indígenas e Identidade». Alter-Latina. Consultado em 29 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 7 de julho de 2012 
  9. «Pobreza en Bolivia disminuyó 20 por ciento en la última década». Prensa Latina - Agencia Latinoamericana de Noticias (em inglês). 18 de outubro de 2016. Cópia arquivada em 20 de dezembro de 2016 
  10. Sivak, Martín (6 de julho de 2010). Evo Morales: The Extraordinary Rise of the First Indigenous President of Bolivia (em inglês). [S.l.]: St. Martin's Publishing Group 
  11. «'Democracy in Bolivia has two faces': ambivalence as Evo Morales seeks fourth term». The Guardian. Consultado em 12 de novembro de 2019 
  12. Philip, George; Panizza, Francisco (2011). The Triumph of Politics: The Return of the Left in Venezuela, Bolivia and Ecuador. Cambridge: Polity Press. ISBN 978-0745647494 
  13. Helen Mendes e Isabella Mayer de Moura (7 de novembro de 2019). «O que é o Grupo de Puebla, aliança de líderes de esquerda que se reunirá na Argentina». Gazeta do Povo. Consultado em 13 de janeiro de 2020 
  14. «Grupo de Puebla en Buenos Aires». CLACSO (Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales) (em castelhano). 9 de novembro de 2019. Consultado em 13 de janeiro de 2020 
  15. «Após 13 anos no poder, Evo Morales renuncia à Presidência da Bolívia». www.terra.com.br. Consultado em 10 de novembro de 2019 
  16. «Putin diz que Evo Morales sofreu "golpe" e manda recado a Bolsonaro e Trump». Revista Fórum. 11 de novembro de 2019. Consultado em 11 de novembro de 2019 
  17. AFP. «Uruguai expressa consternação por "golpe de Estado" na Bolívia». Correio do Povo. Consultado em 11 de novembro de 2019 
  18. «Sob pressão da oposição e dos militares, Evo Morales renuncia e denuncia 'golpe de Estado cívico-policial'». O Globo. 10 de novembro de 2019. Consultado em 11 de novembro de 2019 

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