Fascismo

Fascismo é uma ideologia política ultranacionalistaautoritária[1][2][3][4] caracterizada por poder ditatorial, repressão da oposição por via da força e forte arregimentação da sociedade e da economia.[5] Embora os partidos e movimentos fascistas apresentem divergências significativas entre si, é possível apontar várias características em comum, entre as quais nacionalismo extremo, desprezo pela democracia eleitoral e pela liberdade política e económica, crença numa hierarquia social natural e no domínio das elites e o desejo de criar uma comunidade do povo em que os interesses individuais sejam subordinados aos interesses da nação.[6] Oposto ao liberalismo, ao marxismo, ao socialismo e ao anarquismo, o fascismo posiciona-se na extrema-direita do espectro político tradicional.[7][8][9][10][11][12]

O fascismo defende ser necessária a mobilização da sociedade sob um estado totalitário de partido único para preparar a nação para o conflito armado e responder de forma eficaz às dificuldades económicas.[13] Acreditam que tal estado deva ser comandado por um líder forte, como um ditador ou governo militarista constituído por membros do partido fascista, capaz de forjar a unidade nacional e manter a ordem e estabilidade sociais.[13] O fascismo rejeita a afirmação de que a violência é automaticamente negativa por natureza e acredita que a violência, guerra ou imperialismo são meios pelos quais se pode chegar ao rejuvenescimento da nação.[14][15][16][17] Os fascistas defendem uma economia mista com o principal objetivo de atingir a autossuficiência económica do país por meio de políticas económicas protecionistas e intervencionistas.[18]

O fascismo ganhou destaque na Europa na primeira metade do século XX.[7] Os primeiros movimentos fascistas surgiram na Itália durante a I Guerra Mundial, tendo-se posteriormente expandido para outros países europeus.[7] Os fascistas viam a I Guerra Mundial como uma revolução que tinha trazido alterações massivas na natureza da guerra, da sociedade, do estado e da tecnologia. O advento da guerra total e da mobilização total da sociedade tinham diluído a distinção entre civis e combatentes, tendo-se desenvolvido uma "cidadania militarista" em que todos os cidadãos estavam envolvidos no esforço militar.[19][20] A guerra tinha tido como consequência o nascimento de um estado poderoso, capaz de mobilizar milhões de pessoas para a linha da frente e de organizar a produção económica e logística para as sustentar, e com autoridade sem precedentes para intervir nas vidas dos cidadãos.[19][20]

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, poucos partidos se têm declarado abertamente fascistas. O termo é usado frequentemente de forma pejorativa para descrever opositores políticos. Os partidos contemporâneos de extrema-direita com ideologias semelhantes ou inspirados nos movimentos fascistas do século XX são denominados neofascistas.[7][21]

  1. Turner, Henry Ashby (1975). Reappraisals of Fascism. [S.l.]: New Viewpoints. p. 162. Fascism's goals of radical and authoritarian nationalism 
  2. Larsen, Stein Ugelvik; Bernt Hagtvet; Jan Petter Myklebust (1984). Who were the Fascists: Social Roots of European Fascism. [S.l.]: Columbia University Press. p. 424. ISBN 978-8200053316. organized form of integrative radical nationalist authoritarianism 
  3. Paxton (2004), pp.32,45,173
  4. Nolte (1965) p.300
  5. fascism. Merriam-Webster Online. Consultado em 22 de agosto de 2017 
  6. Sucy, Robert (4 de outubro de 2018). «Fascism». Enciclopédia Britannica. Consultado em 18 de outubro de 2018 
  7. a b c d Peter Davies; Derek Lynch (2002). The Routledge Companion to Fascism and the Far Right. [S.l.]: Routledge. pp. 1–5 
  8. Griffin, Roger (1995). Fascism. Oxford: Oxford University Press. p. 8, 307 
  9. Kallis, Aristotle A. (2003). The fascism reader. Nova Iorque: Routledge. p. 71 
  10. Hartley, John (2004). Communication, Cultural and Media Studies: The key concepts 3rd ed. [S.l.]: Routledge. 187 páginas. ISBN 9780521559829 
  11. Wilhelm, Reich (1970). The Mass Psychology of Fascism. [S.l.]: Harper Collins. ISBN 978-0285647015 
  12. Mary Hawkesworth; Maurice Kogan (1992). Encyclopaedia of Government and Politics: Volume 1. [S.l.]: Routledge. ISBN 0-203-71288-9 
  13. a b John Horne. State, Society and Mobilization in Europe During the First World War. pp. 237–39.
  14. Grčić, Joseph (2000). Ethics and Political Theory. Lanham, Maryland: University of America. p. 120 
  15. Griffin, Roger; Matthew Feldman (2004). Fascism: Fascism and Culture. Londres e Nova Iorque: Routledge. p. 185 
  16. Stanley G. Payne. A History of Fascism, 1914–1945. p. 106.
  17. Jackson J. Spielvogel. Western Civilization. Wadsworth, Cengage Learning, 2012. p. 935.
  18. Blamires, Cyprian (2006). World Fascism: a Historical Encyclopedia. 1. Santa Barbara, California: ABC-CLIO. p. 188–89 
  19. a b Blamires, Cyprian (2006). World Fascism: a Historical Encyclopedia. 1. Santa Barbara, California: ABC-CLIO. p. 140–41, 670 
  20. a b Michael Mann. Fascists. Cambridge University Press, 2004. p. 65.
  21. «Neofascismo» (em Italian). Enciclopedia Italiana. 31 de outubro de 2014 

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