Feminismo negro

O feminismo negro é a designação utilizada para nomear o movimento de mulheres atuantes tanto na esfera da discussão de gênero quanto na luta antirracista. Trata-se de um movimento político e teórico que visa a mudança social e compreende que sexismo, a opressão de classes, a identidade de gênero e o racismo estão ligados.[1] A forma como estes se relacionam entre si é chamada de intersecionalidade. O termo Intersecionalidade foi cunhado pela jurista Kimberle Crenshaw em 1989.[2] Em seu trabalho, Crenshaw define interseccionalidade como a interação entre diferentes formas de opressão. A autora analisa as consequências materiais e simbólicas que atingem os grupos que estão na encruzilhada de diferentes marcadores e o modo como ações e políticas específicas operam conjuntamente na criação de vulnerabilidades. Dessa forma, a experiência de ser uma mulher negra não pode ser entendida em termos de ser negro e de ser uma mulher, separadamente, mas deve incluir as interações, que frequentemente se reforçam mutuamente.[3] Sendo assim, o racismo é resultado de um conjunto de ações discriminatórias. O feminismo em seu núcleo é um movimento para abolir as desigualdades que as mulheres enfrentam. O Coletivo Combahee River argumentou em 1974 que a libertação das mulheres negras implica a liberdade de todas as pessoas, uma vez que exigiria o fim do racismo, do sexismo e da opressão de classe.[4]

O feminismo negro nos EUA se tornou popular na década de 1960, em resposta ao sexismo do Movimento dos Direitos Civis e do racismo do movimento feminista. A partir dos anos 1970 a 1980, as feministas negras norte-americanas formaram vários grupos que abordaram o papel das mulheres negras no nacionalismo negro, na libertação gay e na segunda onda do feminismo. Na década de 1990, a controvérsia Anita Hill colocou o feminismo negro em uma luz mainstream. Teorias feministas negras chegaram a um público mais amplo na década de 2010, como resultado da advocacia por mídia social.[5][6]

As feministas negras argumentam que as mulheres negras são posicionadas dentro das estruturas de poder de maneiras fundamentalmente diferentes das mulheres brancas. Resulta daí a centralidade no feminismo negro do conceito de intersecionalidade.[7] Os críticos do feminismo negro argumentam que as divisões raciais enfraquecem a força do movimento feminista em geral, mas também do movimento negro.[8]

Entre as teorias que se desenvolveram fora do movimento negro feminista estão o mulherismo de Alice Walker, o revisionismo histórico com um foco maior sobre as mulheres negras.[9][10]

  1. Patricia Hill Collins. «Defining Black Feminist Thought» (em inglês). The feminist eZine. Consultado em 22 de dezembro de 2015 
  2. Crenshaw, Kimberle (1 de janeiro de 1989). «Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics». The University of Chicago Legal Forum. 140. pp. 139–167 
  3. «Intersectionality: The Double Bind of Race and Gender» (PDF) 
  4. «Combahee River Collective: A Black Feminist Statement – 1974» 
  5. Jamilah, Lemieux (2014-03-03). Black Feminism Goes Viral.
  6. Distinguished Research Professor Lorraine Code; Lorraine Code (2002). Encyclopedia of Feminist Theories. Routledge. p. 54. ISBN 978-1-134-78726-5.
  7. Zeba Blay e Emma Gray. «Why We Need To Talk About White Feminism» (em inglês). HuffPost Women. Consultado em 24 de dezembro de 2015 
  8. Barbara Epstein. «What Happened to the Women's Movement?» (em inglês). Monthly Review Foundation. Consultado em 24 de dezembro de 2015 
  9. Williams, Sherley Anne. Some implications of womanist theory, Callaloo (1986): 303-308.
  10. Joy James (2014). Transcending the Talented Tenth: Black Leaders and American Intellectuals. Routledge. ISBN 978-1-136-67276-7.

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