Guerra Mexicano-Americana

Guerra Mexicano-Americana

Sentido horário do canto superior esquerdo: Winfield Scott entrando em Plaza de la Constitución após a Queda da Cidade do México, soldados dos Estados Unidos em retirada atraindo as forças mexicanas durante a Batalha de Resaca de la Palma, vitória americana em Churubusco fora da Cidade do México, Marinheiros dos EUA no assalto ao castelo de Chapultepec sob uma grande bandeira americana, Batalha de Cerro Gordo
Data 25 de Abril de 1846 a 2 de Fevereiro de 1848 (1 anos, 9 meses, 1 semana e 1 dia)
Local Texas, Novo México, Califórnia; Norte, centro e leste do México e Cidade do México
Desfecho Vitória dos Estados Unidos[1]
Mudanças territoriais Cessão territorial mexicana
Beligerantes
Estados Unidos México
Comandantes
James K. Polk
Zachary Taylor
Winfield Scott
Stephen Watts Kearny
John Drake Sloat
William Jenkins Worth
Robert Field Stockton
Joseph Lane
Antonio López de Santa Anna
Mariano Arista
Pedro de Ampudia
José Mariá Flores
Mariano G. Vallejo
Nicolás Bravo
José Joaquín de Herrera
Andrés Pico
Forças
73 532 – 91 000 soldados e voluntários 82 000 combatentes[2]
Baixas
1 733 mortos em combate[2]
4 152 feridos[3]
~ 5 000 mortos em combate[2]
20 000 feridos[2]
10 000 desaparecidos[2]

A Guerra Mexicano-Americana, também conhecida nos Estados Unidos de Guerra Mexicana (chamada por historiadores mexicanos como Intervención estadounidense en México ou ainda Guerra de Estados Unidos-México) foi uma invasão realizada por tropas do Exército dos Estados Unidos contra o México, realizada entre 1846 e 1848. Foi antecedida pela anexação do Texas pelos Estados Unidos em dezembro de 1845, que o México ainda considerava seu território porque havia se recusado a reconhecer os Tratados de Velasco, assinados pelo presidente Antonio López de Santa Anna depois que ele foi capturado pelo Exército Texano durante a Revolução do Texas de 1836. A República do Texas foi um de facto país independente, mas a maioria dos seus cidadãos anglo-americanos que se mudaram dos Estados Unidos para o Texas depois de 1822[4] queriam ser anexados pelos Estados Unidos.[5]

As políticas seccionais sobre escravidão nos Estados Unidos estavam impedindo a anexação porque o Texas, antes um território livre de escravidão sob o domínio mexicano, teria sido admitido como um estado escravista, perturbando o equilíbrio de poder entre os estados livres do Norte e os estados escravistas do Sul.[6] Na eleição presidencial nos Estados Unidos em 1844, o democrata James K. Polk foi eleito em uma plataforma de expansão do território estadunidense para o Oregon, Califórnia (também um território mexicano) e Texas, de qualquer maneira possível, com a anexação do Texas em 1845 promovendo esse objetivo.[7] No entanto, a fronteira entre o Texas e o México foi contestada, com a República Texana e os Estados Unidos afirmando que ela deveria ser delimitada pelo Rio Grande e os mexicanos alegando que deveria ser mais ao norte do Rio Nueces. Polk enviou então uma missão diplomática ao México na tentativa de comprar o território disputado, juntamente com a Califórnia e todo o resto, por um valor de US$ 25 milhões de dólares (aproximadamente US$ 750,7 milhões em valores de 2022), uma oferta que o governo mexicano recusou.[8] Polk então enviou um grupo de 80 soldados através do território disputado até o Rio Grande, ignorando as exigências mexicanas para se retirar.[9][10] O exército mexicano interpretou isso como o início de uma invasão em larga escala e expulsou os militares americanos do seu território em abril de 1846, um movimento que Polk usou para convencer o Congresso dos Estados Unidos a declarar guerra.[9]

Além da área disputada do Texas, as forças militares dos Estados Unidos ocuparam rapidamente a capital regional de Santa Fé do Novo México ao longo do alto Rio Grande. Tropas estadunidenses também avançaram contra a província da Alta Califórnia e depois viraram para o sul. A Esquadra do Pacífico da Marinha dos Estados Unidos bloqueou a costa do Pacífico no Território da Baixa Califórnia. O exército estadunidense, sob o comando do major-general Winfield Scott, invadiu o coração do México e capturou a capital do país, em setembro de 1847. Embora o México tenha sido derrotado no campo de batalha, negociar a paz foi uma questão politicamente delicada. Algumas facções mexicanas recusaram-se a considerar qualquer reconhecimento da perda de território. Embora Polk tenha formalmente destituído seu enviado de paz, Nicholas Trist, do cargo de negociador, Trist ignorou a ordem e concluiu com sucesso o Tratado de Guadalupe Hidalgo em 1848. O tratado encerrou a guerra e o México reconheceu a cessão do atual Texas, Califórnia, Nevada e Utah, bem como partes do atual Arizona, Colorado, Novo México e Wyoming. Os Estados Unidos concordaram em pagar US$ 15 milhões pelos danos físicos da guerra e assumiram uma dívida de US$ 3,25 milhões já devida pelo governo mexicano a cidadãos dos Estados Unidos. O México renunciou às suas reivindicações sobre o Texas e aceitou o Rio Grande como sua fronteira norte com os Estados Unidos, resultando na perda de 55% de seu território.

A vitória e a expansão territorial que o Presidente Polk imaginava inspiraram o patriotismo em algumas regiões dos Estados Unidos, mas a guerra e o tratado foram alvo de críticas intensas devido às baixas, custo financeiro e excessos. A questão de como tratar as novas aquisições intensificou o debate sobre a escravidão nos Estados Unidos. Embora o Wilmot Proviso, que proibia explicitamente a extensão da escravidão para o território mexicano conquistado, não tenha sido adotado pelo Congresso, os debates sobre isso aumentaram as tensões regionais. Alguns estudiosos veem a Guerra Mexicano-Americana como um precursor da Guerra Civil Americana. Muitos oficiais que foram treinados na Academia Militar dos Estados Unidos adquiriram experiência na guerra no México e desempenharam papéis de liderança proeminentes durante a Guerra Civil.

No México, a guerra agravou a agitação política doméstica. Como a guerra foi travada em solo mexicano, o país sofreu grandes perdas de vida tanto na população militar quanto civil. Os alicerces financeiros da nação foram minados, e mais da metade de seu território foi perdido. O México experimentou uma perda de prestígio nacional, deixando-o em um que um grupo de escritores mexicanos, incluindo Ramón Alcaraz e José María del Castillo Velasco, chamou de "estado de degradação e ruína... [Quanto] à verdadeira origem da guerra, é suficiente dizer que a ambição insaciável dos Estados Unidos, favorecida pela nossa fraqueza, a causou".[11]

  1. Annexation or Independence: The Texas Issue in American Politics, 1836-1845
  2. a b c d e Clodfelter 2017, p. 249.
  3. «Official DOD data». Consultado em 8 de março de 2014. Cópia arquivada em 28 de fevereiro de 2014 
  4. Edmondson, J.R. (2000). The Alamo Story: From History to Current Conflicts. [S.l.]: Plano: Republic of Texas Press. ISBN 978-1-55622-678-6 
  5. Tucker, Spencer C. (2013). The Encyclopedia of the Mexican-American War: A Political, Social and Military History. [S.l.]: Santa Barbara. 564 páginas 
  6. Landis, Michael Todd (2 de outubro de 2014). Northern Men with Southern Loyalties. [S.l.]: Cornell University Press. ISBN 978-0-8014-5326-7. doi:10.7591/cornell/9780801453267.001.0001 
  7. Greenberg, Amy (2012). A Wicked War: Polk, Clay, Lincoln, and the 1846 U.S. Invasion of Mexico. [S.l.]: Vintage. p. 33. ISBN 978-0-307-47599-2 
  8. Stenberg, Richard R. (1935). «The Failure of Polk's Mexican War Intrigue of 1845». Pacific Historical Review. 4 (1): 39–68. JSTOR 3633243. doi:10.2307/3633243 
  9. a b Clevenger, Michael (2017). The Mexican-American War and Its Relevance to 21st Century Military Professionals. [S.l.]: United States Marine Corps. 9 páginas 
  10. K. Jack Bauer (1993). Zachary Taylor: Soldier, Planter, Statesman of the Old Southwest. [S.l.]: Louisiana State University Press. p. 149. ISBN 9780807118511. Consultado em 17 de outubro de 2015. Cópia arquivada em 14 de maio de 2016 
  11. Alcaraz, Ramón; et al., eds. (1850). The Other Side: or Notes for the History of the War between Mexico and the United States. Traduzido por Albert C. Ramsey. New York: John Wiley. pp. 1–2. OCLC 1540860 

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