Guerra Peninsular

Guerra Peninsular
Guerras Napoleónicas

2 de maio de 1808: La carga de los mamelucos, de Francisco de Goya
Data 2 de maio de 180817 de abril de 1814
Local Portugal, Espanha, sudoeste de França
Desfecho Vitória dos aliados
Beligerantes
Reino Unido Reino Unido
 Espanha
Reino de Portugal Portugal
Império Francês
Espanha Bonapartista
Comandantes
Reino Unido Arthur Wellesley
Reino Unido William Beresford
Reino Unido John Moore
Miguel Álava Esquivel
Joaquín Blake
Francisco Castaños
Juan Martín Díez
José de Palafox
Gregorio de la Cuesta
Bernardino Freire
Miguel Pereira Forjaz
Carlos Federico Lecor
Francisco da Silveira
Napoleão I
José Bonaparte
Joaquim Murat
Jean-Andoche Junot
Jean de Dieu Soult
André Masséna
Michel Ney
Louis-Gabriel Suchet
Joseph Mortier
Auguste de Marmont
Jean-Baptiste Bessières
Jean-Baptiste Jourdan
Claude Victor-Perrin
1 000 000 de mortos (entre civis e militares)[1]

A Guerra Peninsular (1807–1814) foi um conflito militar entre o Primeiro Império Francês e a aliança do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, do Império Espanhol e do Reino de Portugal e Algarves pelo domínio da Península Ibérica durante as Guerras Napoleónicas. O conflito teve início quando os exércitos franceses e espanhóis invadiram e ocuparam Portugal em 1807, tendo voltado em 1808 após a França se ter voltado contra a Espanha, sua aliada até então. A guerra prolongou-se até à derrota de Napoleão pela Sexta Coligação em 1814, sendo vista como uma das primeiras guerras de libertação nacional e significativa na emergência da guerrilha em grande escala.

A guerra peninsular coincide com o que os historiadores hispanófonos denominam "Guerra de Independência Espanhola", que teve início com o levantamento de dois de maio de 1808, seguido pelas Abdicações de Baiona e terminou em 17 de abril de 1814. A ocupação francesa destruiu o governo da Espanha, que se fragmentou em diversas juntas provinciais que se disputavam entre si. Em 1810, o reconstruído governo nacional, as Cortes de Cádis, fortificou-se em Cádis, embora não tenha conseguido reorganizar o exército devido ao cerco de mais de 70 000 soldados franceses. Por fim, as forças britânicas e portuguesas asseguraram o controlo de Portugal, usando o país como ponto de partida de campanhas contra o exército francês e para o abastecimento das tropas espanholas. Ao mesmo tempo, o exército e as guerrilhas espanholas empatavam um número considerável de tropas napoleónicas. As forças aliadas, tanto regulares como irregulares, impediram os marechais franceses de subjugar as províncias espanholas rebeldes ao restringir o domínio territorial francês, fazendo com que a guerra se prolongasse por vários anos de empate.

O longo período de combate em Espanha representou um fardo pesado para a Grande Armée francesa. Embora os franceses obtivessem vitórias em batalha, as suas comunicações e linhas de abastecimento eram sistematicamente sabotadas e as suas unidades eram frequentemente isoladas, assediadas ou dominadas por partisans que praticavam uma guerrilha intensiva de raides e emboscadas. Embora os exércitos espanhóis fossem sucessivamente derrotados e empurrados para a periferia, reagrupavam-se e perseguiam incessantemente os franceses.[2][3]

As forças britânicas, sob o comando de Arthur Wellesley, organizaram diversas campanhas contra os franceses em Espanha com o apoio português. O exército português, desmoralizado na sequência das invasões napoleónicas, foi reorganizado e reequipado sob o comando do general William Carr Beresford.[4] Carr fora nomeado comandante-chefe das forças portuguesas pela família real no exílio, combatendo integrado no exército anglo-português sob o comando de Wellesley. Em 1812, quando Napoleão partiu com grande parte do exército francês para a desastrosa campanha de conquista da Rússia, um exército conjunto aliado liderado por Wellesley entrou em Espanha e conquistou Madrid. Perseguido pelo exército espanhol, britânico e português e sem apoio de França, o marechal Nicolas Jean de Dieu Soult bateu em retirada, guiando o desmoralizado e exausto exército francês pelos Pirenéus durante o inverno de 1813-14.

A guerra e a revolução contra a ocupação napoleónica levaram à redação da Constituição espanhola de 1812, um marco do liberalismo europeu.[5] No entanto, o esforço de guerra destruiu o tecido social e económico de Portugal e Espanha e provocou um período de instabilidade social e política e estagnação económica. Neste período, desencadearam-se na Península diversas e devastadoras guerras civis entre facções liberais e absolutistas, lideradas por oficiais treinados na guerra peninsular, e que se prolongaram até à década de 1850. As sucessivas crises provocadas pela invasão, revolução e restauração precipitaram a independência de grande parte das colónias espanholas e a independência do Brasil de Portugal.

  1. Warfare and Armed Conflicts: A Statistical Encyclopedia of Casualty and Other Figures, 1492-2015. [S.l.: s.n.] p. 157 
  2. Hindley 2010.
  3. Ellis 2014, p. 100.
  4. Fletcher 2003a.
  5. Payne 1973, pp. 432–433.

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