Homossexualidade

Homossexualidade[nota 1] (do grego antigo ὁμός (homos), igual + latim sexus = sexo) refere-se à característica, condição ou qualidade de um ser (humano ou não) que sente atração física, estética e/ou emocional por outro ser do mesmo sexo ou gênero. Enquanto orientação sexual, a homossexualidade se refere a "um padrão duradouro de experiências sexuais, afetivas e românticas" principalmente ou exclusivamente entre pessoas do mesmo sexo; "também se refere a um indivíduo com senso de identidade pessoal e social com base nessas atrações, manifestando comportamentos e aderindo a uma comunidade de pessoas que compartilham da mesma orientação sexual".[1][2]

A homossexualidade é uma das principais categorias de orientação sexual, ao lado da bissexualidade e da heterossexualidade. A prevalência da homossexualidade entre os humanos é difícil de determinar com precisão;[3] na sociedade ocidental moderna, os principais estudos indicam uma prevalência de 2% a 13% de indivíduos homossexuais na população,[4][5][6][7][8][9][10][11][12][13][nota 2] enquanto outros estudos sugerem que aproximadamente 22% da população apresente algum grau de tendência homossexual.[14] Ela também é registrada em cerca de 5 000 outras espécies (sendo bem estudada e devidamente comprovada em cerca de 500 delas), incluindo minorias significativas em seres tão diversos quanto mamíferos, aves e platelmintos.[15][16]

Ao longo da história da humanidade, os aspectos individuais da homossexualidade foram admirados, tolerados ou condenados, de acordo com as normas sexuais vigentes nas diversas culturas e épocas em que ocorreram. Quando admirados, esses aspectos eram entendidos como uma maneira de melhorar a sociedade;[17] quando condenados, eram considerados um pecado ou algum tipo de doença, sendo, em alguns casos, proibidos por lei. Desde meados do século XX, a homossexualidade tem sido gradualmente desclassificada como doença e descriminalizada em quase todos os países desenvolvidos e na maioria do mundo ocidental.[18] Entretanto, o estatuto jurídico das relações homossexuais ainda varia muito de país para país. Enquanto em alguns países o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legalizado, em outros, certos comportamentos homossexuais são crimes com penalidades severas, incluindo a pena de morte (por exemplo, o Irã condena homossexuais ao enforcamento, enquanto a Arábia Saudita os apedreja).[19]

As principais organizações internacionais de saúde (incluindo as de psicologia) afirmam que ser homossexual ou bissexual são características compatíveis com uma saúde mental e um ajustamento social completamente normais; tais instituições médicas também não recomendam que as pessoas tentem alterar a sua condição sexual, pois isto, além de ineficaz, pode causar danos psicológicos.[20][21] Em 1973, a homossexualidade deixou de ser classificada como um transtorno, quando foi excluída do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da Associação Americana de Psiquiatria. Em 1975, a Associação Americana de Psicologia adotou o mesmo procedimento.[22] No Brasil, em 1984, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) posicionou-se contra a discriminação e considerou a homossexualidade algo que não prejudica a sociedade.[23] Em 1985, a ABP foi seguida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), que deixou de considerar a homossexualidade um desvio sexual e, em 1999, estabeleceu regras para a atuação dos psicólogos em relação às questões de orientação sexual, declarando que "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão" e que os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham terapias de reorientação sexual.[24][25] No dia 17 de maio de 1990, a Assembleia-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais, a Classificação Internacional de Doenças (CID), data que passou a ser celebrada como o Dia Internacional contra a Homofobia.[22][25] Por fim, em 1991, a Anistia Internacional passou a considerar a discriminação contra homossexuais uma violação aos direitos humanos.[25]


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  1. «Sexual Orientation and Homosexuality». HelpCenter.org. Consultado em 12 de janeiro de 2019. Arquivado do original em 28 de setembro de 2007 
  2. «APA California Amicus Brief» (PDF). Suprema Corte da Califórnia. 26 de setembro de 2007. Consultado em 12 de janeiro de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 8 de outubro de 2009 
  3. LeVay 1996.
  4. Spira 1992, p. 407–409.
  5. Billy 1993, pp. 52–60.
  6. Binson 1995, pp. 245–254.
  7. Bogaert 2004, p. 33–37.
  8. Fay 1989, pp. 338–348.
  9. Johnson 1992, pp. 410–412.
  10. Laumann 2000.
  11. Wellings 1994.
  12. Tisdall, Jonathan (25 de setembro de 2003). «Norway world leader in casual sex, Aftenposten». Aftenposten. Consultado em 2 de novembro de 2009. Arquivado do original em 24 de fevereiro de 2010 
  13. «Sex uncovered poll: Homosexuality». The Guardian (em inglês). 25 de outubro de 2008. ISSN 0261-3077. Consultado em 12 de janeiro de 2019 
  14. McConaghy 2006, pp. 161–174.
  15. Bagemihl 1999.
  16. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Biological Exuberance: Animal
  17. Hutter 2006, p. 66.
  18. Bernstein 2005, p. 39, 229-230, 233.
  19. «The gay divide». The Economist. 9 de outubro de 2014. Consultado em 27 de novembro de 2014 
  20. «Just the Facts about Sexual Orientation & Youth». American Psychological Association. Consultado em 2 de abril de 2011 
  21. «Statement of the American Psychological Association» (PDF). American Psychological Association (em inglês). 10 de agosto de 2006. Consultado em 12 de janeiro de 2019 
  22. a b «Nota Pública - Comissão Nacional de Direitos Humanos apóia decisão do CFP». POL - Psicologia On Line. 31 de julho de 2009. Consultado em 14 de novembro de 2009. Arquivado do original em 25 de agosto de 2011 
  23. Mott 2006.
  24. Conselho Federal de Psicologia (22 de março de 1999). «RESOLUÇÃO CFP N° 001/99» (PDF). Consultado em 16 de janeiro de 2012. Arquivado do original (PDF) em 23 de maio de 2012 
  25. a b c Couto, Rodrigo (16 de maio de 2010). «Há 20 anos, a OMS tirou a homossexualidade da relação de doenças mentais: Uma conquista celebrada por organizações sociais de todo o planeta». Correio Braziliense. Consultado em 7 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 30 de julho de 2012 

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