Linguagem

 Nota: Para outros significados, veja Linguagem (desambiguação).
Arnold Lakhovsky, A conversação (1935).
A escrita cuneiforme é o primeiro documento escrito que se tem registro.[1] No entanto, acredita-se que a língua falada preceda a escrita em pelo menos dezenas de milhares de anos.[2]

A linguagem[3][4] derivada do francês antigo langage[nota 1] é um sistema estruturado de comunicação que consiste em gramática e vocabulário. É o principal meio pelo qual os seres humanos transmitem significado, tanto na forma falada quanto na escrita, e também pode ser transmitido por meio de línguas de sinais. A grande maioria das línguas humanas desenvolveu sistemas de escrita que permitem o registro e a preservação dos sons ou sinais da linguagem. A linguagem humana é caracterizada por sua diversidade cultural e histórica, com variações significativas observadas entre as culturas e ao longo do tempo.[5] As línguas humanas possuem as propriedades de produtividade e deslocamento, que permitem a criação de um número infinito de frases, e a capacidade de se referir a objetos, eventos e ideias que não estão imediatamente presentes no discurso. O uso da linguagem humana depende da convenção social e é adquirido por meio do aprendizado.[nota 2]

As estimativas do número de línguas humanas no mundo variam entre 5,000 e 7,000. Estimativas precisas dependem de uma distinção arbitrária (dicotomia) estabelecida entre línguas e dialetos.[6] As línguas naturais são faladas, sinalizadas ou ambas; no entanto, qualquer linguagem pode ser codificada em mídia secundária usando estímulos auditivos, visuais ou táteis – por exemplo, escrever, assobiar, assinar ou braile. Em outras palavras, a linguagem humana é independente da modalidade, mas a linguagem escrita ou sinalizada é a maneira de inscrever ou codificar a fala ou os gestos humanos naturais.

A linguagem humana enquanto sistema de comunicação é fundamentalmente diferente e muito mais complexa do que as formas de comunicação das outras espécies, já que se baseia em um diversificado sistema de regras relativas a símbolos para os seus significados, resultando em um número indefinido de possíveis expressões inovadoras a partir de um finito número de elementos. De acordo com os especialistas, a linguagem pode ter se originado quando os primeiros hominídeos começaram a cooperar, adaptando sistemas anteriores de comunicação baseados em sinais expressivos a fim de incluir a teoria da mente, compartilhando assim intencionalidade. Nessa linha, este desenvolvimento pode ter coincidido com o aumento do volume do cérebro, e muitos linguistas veem as estruturas da linguagem como tendo evoluído a fim de servir a funções comunicativas específicas. A linguagem é processada em vários locais diferentes do cérebro humano, mas especialmente na área de Broca e na Área de Wernicke.[7] Os seres humanos adquirem a linguagem através da interação social na primeira infância. As crianças geralmente já falam fluentemente quando estão em torno dos três anos de idade.[8]

O uso da linguagem tornou-se profundamente enraizado na cultura humana, além de ser empregada para comunicar e compartilhar informações. A linguagem também possui vários usos sociais e culturais, como a expressão da identidade, a estratificação social, a manutenção da unidade em uma comunidade e o entretenimento. A palavra "linguagem" também pode ser usada para descrever o conjunto de regras que torna isso possível, ou o conjunto de enunciados que podem produzir essas regras.

Todas as línguas contam com o processo de semiose que relaciona um sinal com um determinado significado. Línguas faladas e línguas de sinais contêm um sistema fonológico que rege a forma como os sons ou os símbolos visuais são articulados a fim de formar as sequências conhecidas como palavras ou morfemas; além de um sistema sintático para reger a forma como as palavras e os morfemas são utilizados a fim de formar frases e enunciados. Línguas escritas usam símbolos visuais para representar os sons das línguas faladas, mas elas ainda necessitam de regras sintáticas que governam a produção de sentido a partir da sequências das palavras. As línguas evoluem e se diversificam ao longo do tempo. Por isso, sendo a língua uma realidade essencialmente variável, não há formas de falar intrinsecamente erradas. A noção de certo e errado tem origem na sociedade, não na estrutura da língua.[9][10][11]

A história de sua evolução pode ser reconstruído a partir de comparações com as línguas modernas, determinando assim quais características as línguas ancestrais devem ter tido para as etapas posteriores terem ocorrido. Um grupo de idiomas que descendem de um ancestral comum é conhecido como família linguística. As línguas que são mais faladas no mundo atualmente pertencem à família indo-européia, que inclui línguas como o Inglês, o espanhol, o português, o russo e o hindi; as línguas sino-tibetanas, que incluem o chinês, mandarim, cantonês e muitos outros; as línguas semíticas, que incluem o árabe, o amárico e o hebraico; e as línguas bantu, que incluem o suaíli, o Zulu, o Shona e centenas de outras línguas faladas em toda a África.

  1. Estadão (14 de julho de 2010). «Encontrado em Jerusalém o documento escrito mais velho da História» 
  2. Maíra Valle e Alessandra Pancetti. A transformação do mundo pela escrita. ComCiência: Revista Eletrônica de Jornalismo Científico (10/11/2009);
  3. Antônio Houaiss. O que é língua. São Paulo: Brasiliense: 1991;
  4. Evani Viotti (2007). Introdução aos Estudos Lingüísticos (PDF). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina. p. 2. ISBN 85-60522-03-4 
  5. Nicholas Evans & Stephen Levinson (2009) 'The Myth of Language Universals: Language Diversity and Its Importance for Cognitive Science'. Behavioral and Brain Sciences 32, 429–492.
  6. Kamusella, Tomasz (2016). «The History of the Normative Opposition of 'Language versus Dialect': From Its Graeco-Latin Origin to Central Europe's Ethnolinguistic Nation-States». Colloquia Humanistica. 5 (5): 189–198. doi:10.11649/ch.2016.011Acessível livremente. Consultado em 9 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 26 de fevereiro de 2020 
  7. Carl Sagan. Os Dragões do Edén. Rio de Janeiro: F. Alves, 1997;
  8. Veja. A explosão da linguagem. Edição especial: Bebês. São Paulo: Abril, 1998;
  9. Bruno Ribeiro. A noção de erro na língua. Observatório da Imprensa. Ano 16 - nº 675, edição 672 (13/12/2011);
  10. Marcos Bagno. Por que há erros mais errados do que outros?. Revista Caros Amigos – Nov/2009;
  11. Stella Bortoni. O Estatuto do erro na língua oral e na língua escrita. 30 Nov 1999;


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