Marxismo cultural

O marxismo cultural é uma teoria da conspiração antissemita de extrema-direita que reivindica o marxismo ocidental como a base de alegados esforços académicos e intelectuais contínuos para subverter a cultura ocidental.[1][2][3] A teoria da conspiração alega que uma elite de teóricos marxistas e intelectuais da Escola de Frankfurt estão a subverter a sociedade ocidental com uma guerra cultural que mina os valores cristãos do conservadorismo tradicionalista e promove os valores culturais do multiculturalismo e contracultura da década de 1960, política progressista e politicalmente correta, falseada como política identitária criada pela teoria crítica.[2][3][4]

Com raízes no termo "Bolchevismo Cultural", inventado pela propaganda nazista dos anos 1930, a teoria conspiratória do marxismo cultural assumiu sua atual roupagem a partir da década de 1990, nos Estados Unidos.[5](Introdução) Embora originalmente encontrada apenas na política marginal de extrema-direita, o termo começou a entrar no discurso mainstream na década de 2010 e encontra-se agora disseminada em abrangência global.[5] A teoria da conspiração de uma guerra cultural marxista é promovida por políticos de direita, líderes religiosos fundamentalistas, comentadores políticos na grande imprensa e televisão, e terroristas supremacistas brancos.[6] A análise académica da teoria da conspiração concluiu que esta não tem, de facto, nenhuma fundamentação.[5][7]

No Brasil seu principal proponente é Olavo de Carvalho,[8] além de Marcel van Hattem,[9] o Instituto Liberal,[10] Rodrigo Constantino do Instituto Millenium,[11] os proponentes do Escola sem Partido,[12][13] o padre católico Paulo Ricardo.[14] Jair Bolsonaro e vários membros do seu governo,[15] dentre eles o ex-ministro da educação, Ricardo Vélez Rodríguez[16] e o das relações exteriores, Ernesto Araújo,[17] também acreditam na existência de tal conspiração. Em Portugal, o principal proponente da teoria da conspiração é André Ventura[18] e o partido do qual é líder,[19][20] bem como o antigo Partido Cidadania e Democracia Cristã,[21] absorvido ao supracitado em 2020.[22]

  1. Jay, Martin. «Dialectic of Counter-Enlightenment: The Frankfurt School as Scapegoat of the Lunatic Fringe». Salmagundi Magazine. Arquivado do original em 24 de novembro de 2011 
  2. a b Jamin, Jérôme (2014). «Cultural Marxism and the Radical Right». In: Shekhovtsov, Anton; Jackson, Paul. The Post-War Anglo-American Far Right: A Special Relationship of Hate. London, England: Palgrave Macmillan. pp. 84–103. ISBN 978-1-137-39619-8. doi:10.1057/9781137396211.0009. Consultado em 11 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 22 de setembro de 2020 
  3. a b Richardson, John E.; Copsey, Nigel (2015). «'Cultural-Marxism' and the British National Party: a transnational discourse». Cultures of Post-War British Fascism. Abingdon, England: Routledge. ISBN 9781317539360. Consultado em 11 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2020 
  4. Jeffries, Stuart (2016). Grand Hotel Abyss: The Lives of the Frankfurt School. London, England: Verso Books. pp. 6–11. ISBN 9781784785680 
  5. a b c Busbridge, Rachel; Moffitt, Benjamin; Thorburn, Joshua (junho de 2020). «Cultural Marxism: Far-Right Conspiracy Theory in Australia's Culture Wars». London, England: Taylor & Francis. Social Identities. 26 (6): 722–738. ISSN 1350-4630. doi:10.1080/13504630.2020.1787822. Consultado em 6 de outubro de 2020. Cópia arquivada em 30 de julho de 2020 
  6. Mirrlees, Tanner (2018). «The Alt-Right's Discourse of 'cultural Marxism': A political Instrument of Intersectional Hate». Halifax, Nova Scotia: Mount Saint Vincent University. Atlantis Journal. 39 (1). Consultado em 5 de novembro de 2020. Cópia arquivada em 1 de dezembro de 2020 
  7. Braune, Joan (2019). «Who's Afraid of the Frankfurt School? 'Cultural Marxism' as an Antisemitic Conspiracy Theory» (PDF). Journal of Social Justice. 9. Consultado em 11 de setembro de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 16 de julho de 2020 
  8. Lima, Antonio José (2014). «Corram, os comunistas estão chegando». Carta Capital. Consultado em 9 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 11 de outubro de 2015. Joel Pinheiro explicou de forma didática a teoria olavista: De acordo com ele, o esquerdismo vai muito além da política. Toda a cultura está tomada pelo marxismo cultural e a inversão de valores por ele efetuada. O pensamento e os slogans da esquerda são hegemônicos e constituem, assim como o PT, parte de um processo para implantar o comunismo na América Latina via o Foro de São Paulo, organização que reúne os principais partidos e movimentos de esquerda no continente. 
  9. van Hattem, Marcel (3 de agosto de 2018). «Hangout | Somos Nós com Uma Voz». Youtube. Consultado em 31 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 31 de agosto de 2018 
  10. «Os sinais de que o marxismo cultural é o ópio da universidade contemporânea - Instituto Liberal». Instituto Liberal. 29 de agosto de 2017. Cópia arquivada em 31 de agosto de 2018 
  11. Constantino, Rodrigo (16 de outubro de 2009). «A revolução cultural socialista». Instituto Millenium. Consultado em 31 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 31 de agosto de 2018 
  12. Silva, Nelson Lehmann da. «Educação x Doutrinação». Escola sem Partido. Consultado em 31 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 31 de agosto de 2018 
  13. Moura, Fernanda Pereira de (2016). "ESCOLA SEM PARTIDO”: Relações entre Estado, Educação e Religião e os impactos no Ensino de História (PDF) (Dissertação de Mestrado em Ensino de História). Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação em Ensino de História, Instituto de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 188. páginas 
  14. «Revolução e Marxismo Cultural». Padre Paulo Ricardo. Consultado em 20 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 21 de agosto de 2018 
  15. Basilio, Ana Luiza (8 de fevereiro de 2019). «Se houvesse o marxismo cultural, uma pessoa como Bolsonaro não teria sido eleita" - Carta Educação». www.cartaeducacao.com.br. Cópia arquivada em 9 de fevereiro de 2019 
  16. Cerione, Clara (9 de janeiro de 2019). «MEC libera que livros didáticos usem dado sem fonte e ignorem diversidade». Exame. Consultado em 21 de janeiro de 2019 
  17. Watts, Jonathan (15 de novembro de 2018). «Global environment | Brazil's new foreign minister believes climate change is a Marxist plot». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  18. «André Ventura compara-se a Sá Carneiro e formaliza recandidatura à presidência do Chega». TVI24. "Combater [...] 'o marxismo cultural' e 'a ideologia de género' são 'bandeiras' de Ventura.". Consultado em 1 de julho de 2021 
  19. «Eleição em Portugal terá, pela primeira vez, um partido de extrema-direita». Crusoé. "No seu programa, a legenda [Chega] combate a 'ideologia de gênero', o marxismo cultural, [...]". 12 de dezembro de 2020. Consultado em 1 de julho de 2021 
  20. «Partido Pró-Vida vai fundir-se com o Chega». Jornal Expresso. "'A defesa da família, o fim da ideologia de género nas escolas e a derrota do marxismo cultural são as nossas grandes bandeiras que o Chega defende', afirmou ao 'Público' Manuel Matias, líder do PPV/CDC.". Consultado em 1 de julho de 2021 
  21. Martins, Ruben. «Partido Cidadania e Democracia Cristã junta-se ao Chega para "salvar Portugal do marxismo cultural"». PÚBLICO. Consultado em 1 de julho de 2021 
  22. «Partido Pró-Vida vai fundir-se com o Chega». Jornal Expresso. Consultado em 1 de julho de 2021 

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