Modernismo no Brasil

Mário de Andrade (primeiro à esquerda, no alto), Rubens Borba de Moraes (sentado, segundo da esquerda para a direita) e outros modernistas de 1922, dentre os quais (não identificados) Tácito de Almeida, Alcântara Machado, Guilherme de Almeida e Yan de Almeida Prado, em São Paulo, Brasil, 1922.

O Modernismo no Brasil foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX, sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas. Foi desencadeado a partir da assimilação de tendências culturais e artísticas lançadas na Europa no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial. Essas tendências denominavam-se de vanguardas europeias, e a principais delas foram o Cubismo, o Futurismo, o Dadaísmo, o Expressionismo e o Surrealismo.[1] Essas novas linguagens modernas trazidas pelos movimentos artísticos e literários europeus foram sendo aos poucos assimiladas pelo contexto artístico brasileiro, mas colocando em enfoque elementos da cultura do país, pois havia uma necessidade de valorização do que era nacional.

A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo no ano de 1922, consagrou-se na historiografia oficial como o ponto de partida do Modernismo no Brasil, mas pesquisas recentes vêm desmontando esse mito, revelando que em diversos pontos do país estavam acontecendo iniciativas de renovação artística e cultural, e movimentos anteriores haviam defendido propostas com pontos em comum.[2][3] De acordo com alguns estudiosos, Recife foi pioneira desse movimento artístico no Brasil, através das obras de pintores pernambucanos do começo do século XX como Vicente do Rego Monteiro, da poesia de Manuel Bandeira, da sociologia de Gilberto Freyre, de manifestações da cultura popular como o frevo e o cordel e das mudanças urbanísticas ocorridas na cidade naquele período. Para o crítico de arte Paulo Herkenhoff, ex-curador adjunto do Museu de Arte Moderna de Nova York, "a historiografia da cultura de Pernambuco tem o desafio de enfrentar o colonialismo interno e o apagamento de sua história".[4]

Nem todos os participantes da Semana eram modernistas: o maranhense Graça Aranha, um pré-modernista, por exemplo, foi um dos oradores. Não sendo dominante desde o início, o modernismo, com o tempo, suplantou os anteriores: eram “ataques constantes ao passado, ao romantismo, ao realismo, ao parnasianismo [...]”;[5] foi marcado, sobretudo, pela liberdade de estilo e aproximação com a linguagem falada, sendo os da primeira fase mais radicais em relação a esse marco.

Didaticamente, divide-se o Modernismo em três fases: a primeira, chamada de Fase heroica ou Geração de 1922, foi a mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior; uma fase cheia de irreverência e escândalo. A segunda, mais amena, denominada Fase de consolidação ou Geração de 1930, formou grandes romancistas e poetas; uma fase marcada pela preocupação social e política e pelo regionalismo, destacado principalmente na prosa da região nordeste. Quanto à terceira fase, chamada de Fase pós-1945 ou Geração de 1945, que se opunha de certo modo à primeira fase e era por isso ridicularizada com o apelido de Parnasianismo, haviam por característica ser híbrida em estilos, mas o que se destacou nela foi sua maior preocupação com a estética, cujo gênero literário predominante foi a poesia.

  1. «Vanguardas europeias». Mundo Educação. Consultado em 1 de julho de 2020 
  2. Macedo, Tarcízio. "Repensar as margens, redefinir os centros: o Modernismo visto do Rio Grande do Sul". Jornal da UFRGS, 05/05/2022
  3. Veiga, Edison. "Afinal, a Semana de Arte Moderna foi tão importante assim?" Deutsche Welle, 11/02/2022
  4. «Moderno antes do modernismo». Revista Continente. Consultado em 1 de julho de 2020 
  5. COUTINHO, Afrânio (2004). A literatura no Brasil. São Paulo: Global. pp. 13–13 

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