Movimento antivacina

O movimento antivacina é uma oposição mais ou menos organizada à vacinação pública, oriunda de uma ampla gama de críticos de vacinas, algo que existe desde as primeiras campanhas de vacinação.[1] O movimento antivacina moderno, de natureza quase mundial, faz uso dos recursos da internet e se baseia em ideias sem comprovação científica e em teorias da conspiração.

Há consenso científico generalizado de que vacinas são seguras e efetivas, e portanto a Organização Mundial da Saúde caracteriza a hesitação em vacinar como uma das dez maiores ameaças para a saúde mundial.[2][3][4][5][6][7] No entanto, o público em geral desconhece a diferença entre o rigor do conhecimento científico e o conhecimento vulgar, o conhecimento religioso, ou o conhecer individual.[8]

A recusa da vacinação primariamente resulta de debates públicos acerca de problemas médicos, éticos e legais relacionados a vacinas. Ela pode surgir de muitos fatores incluindo a falta de confiança de uma pessoa (desconfiança na vacina e/ou no provedor de saúde), complacência (a pessoa não vê uma necessidade para a vacina ou não vê o valor da vacina), e conveniência (acesso a vacinas).[9] As hipóteses específicas levantadas por ativistas antivacinas têm mudado ao longo do tempo.[10] Antivacinas, anticiência, além de diversos outros assuntos polêmicos, passaram a ser utilizados na internet com objetivos políticos.[11] Os institutos democráticos e jurídicos tentam combater estes movimentos reconhecendo-os como crimes de divulgação de FakeNews.[12] A não vacinação frequentemente resulta em surtos de doenças e mortes em decorrência de doenças que podem ser evitadas com a toma de vacinas.[1][13][14][15][16][17]

No Brasil, a vacinação de crianças é obrigatória desde 1975, com a criação do Programa Nacional de Imunização,[18] sendo o caráter obrigatório tornado lei em 1990 no Estatuto da Criança e do Adolescente (Art. 14 § 1).[19] Pais ou responsáveis que não levarem suas crianças para a vacinação obrigatória podem ser incriminados por negligência e maus tratos.[20] Em outros países, entretanto, leis propostas para tornar a vacinação obrigatória já foram atacadas por ativistas e organizações antivacinas.[21][22][23] A oposição à vacinação obrigatória pode ser baseada em um sentimento antivacina, preocupação que ela viola liberdades civis ou reduz a confiança na vacinação, ou suspeição de enriquecimento da indústria farmacêutica.[1][24][25][26][27]

  1. a b c Wolfe R, Sharp L (2002). «Anti-vaccinationists past and present». BMJ. 325 (7361): 430–2. PMC 1123944Acessível livremente. PMID 12193361. doi:10.1136/bmj.325.7361.430 
  2. «Communicating science-based messages on vaccines» (PDF). Bulletin of the World Health Organization (10): 670–671. 1 de outubro de 2017. ISSN 0042-9686. PMID 29147039. doi:10.2471/BLT.17.021017. Consultado em 2 de julho de 2021 
  3. Lopez, German (21 de agosto de 2018). «Why do some people oppose vaccination?». Vox (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2021 
  4. Ceccarelli, Leah. «Defending science: How the art of rhetoric can help». The Conversation (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2021 
  5. Policy (OIDP), Office of Infectious Disease and HIV/AIDS (26 de abril de 2021). «Vaccine Safety». HHS.gov (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2021 
  6. «Ten threats to global health in 2019» (em inglês). Organização Mundial da Saúde. Consultado em 2 de julho de 2021. Arquivado do original em 27 de junho de 2019 
  7. «The anti-vax movement has been listed by WHO as one of its top 10 health threats for 2019». Newsweek (em inglês). 15 de janeiro de 2019. Consultado em 2 de julho de 2021 
  8. «Tipos de Conhecimentos». Metodologia Científica. Consultado em 25 de dezembro de 2021 
  9. Larson, Heidi J.; Jarrett, Caitlin; Eckersberger, Elisabeth; Smith, David M.D.; Paterson, Pauline (abril de 2014). «Understanding vaccine hesitancy around vaccines and vaccination from a global perspective: A systematic review of published literature, 2007–2012». Vaccine (em inglês) (19): 2150–2159. doi:10.1016/j.vaccine.2014.01.081. Consultado em 2 de julho de 2021 
  10. Gerber, Jeffrey S.; Offit, Paul A. (15 de fevereiro de 2009). «Vaccines and Autism: A Tale of Shifting Hypotheses». Clinical Infectious Diseases (em inglês) (4): 456–461. ISSN 1058-4838. PMC 2908388Acessível livremente. PMID 19128068. doi:10.1086/596476. Consultado em 2 de julho de 2021 
  11. «Com fake news, discurso antivacina se espalha nas redes». Fiocruz. Consultado em 25 de dezembro de 2021 
  12. «Combate a fake news é tema de 50 propostas na Câmara dos Deputados - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 25 de dezembro de 2021 
  13. «Frequently Asked Questions (FAQ)» (em inglês). Boston Children's Hospital. Consultado em 2 de julho de 2021. Arquivado do original em 17 de outubro de 2013 
  14. Phadke, Varun K.; Bednarczyk, Robert A.; Salmon, Daniel A.; Omer, Saad B. (15 de março de 2016). «Association Between Vaccine Refusal and Vaccine-Preventable Diseases in the United States: A Review of Measles and Pertussis». JAMA (em inglês) (11). 1149 páginas. ISSN 0098-7484. PMC 5007135Acessível livremente. PMID 26978210. doi:10.1001/jama.2016.1353. Consultado em 2 de julho de 2021 
  15. Poland, Gregory A.; Jacobson, Robert M. (13 de janeiro de 2011). «The Age-Old Struggle against the Antivaccinationists». New England Journal of Medicine (em inglês) (2): 97–99. ISSN 0028-4793. doi:10.1056/NEJMp1010594. Consultado em 2 de julho de 2021 
  16. «An Epidemic of Fear: How Panicked Parents Skipping Shots Endanger Us All». Wired (em inglês) (11). ISSN 1059-1028. Consultado em 2 de julho de 2021 
  17. Poland, Gregory A.; Jacobson, Robert M. (março de 2001). «Understanding those who do not understand: a brief review of the anti-vaccine movement». Vaccine (em inglês) (17-19): 2440–2445. doi:10.1016/S0264-410X(00)00469-2. Consultado em 2 de julho de 2021 
  18. «Programa Nacional de Imunizações - Vacinação». Ministério da Saúde. Consultado em 2 de julho de 2021 
  19. «Lei Nº 8.069 – Estatuto da Criança e do Adolescente». "[Art 14 § 1] É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.". Presidência da República – Casa Civil – Subchefia para Assuntos Jurídicos. 13 de julho de 1990. Consultado em 2 de julho de 2021 
  20. «Secom faz propaganda com frase de Bolsonaro contra obrigatoriedade da vacina». UOL. 1 de setembro de 2020. Consultado em 2 de julho de 2021 
  21. Novak, Sara (27 de novembro de 2018). «The Long History of America's Anti-Vaccination Movement». Discover Magazine (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2021. Arquivado do original em 18 de dezembro de 2018 
  22. «How anti-vax went viral». POLITICO (em inglês). 21 de novembro de 2018. Consultado em 2 de julho de 2021 
  23. «How the anti-vaxxers are winning in Italy». The Independent (em inglês). 28 de setembro de 2018. Consultado em 2 de julho de 2021 
  24. Chang, Julie. «'Civil liberties' at center of vaccination debate in Texas». Austin American-Statesman (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2021 
  25. «In Britain, Vaccinate With Persuasion, not Coercion». www.nytimes.com (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2021 
  26. Dr. Seth Berkley (28 de junho de 2017). «Anti-vaxxers have embraced social media. We're paying for fake news with real lives». Health Spectator (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2021. Arquivado do original em 9 de agosto de 2017 
  27. Lam, Bourree (10 de fevereiro de 2015). «Vaccines Are Profitable, So What?». The Atlantic (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2021 

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