Neuropsiquiatria

A neuropsiquiatria é o ramo médico que integra os domínios da neurologia e da psiquiatria, e suas relações. A neuropsiquiatria é também considerada um campo de estudo que está situado na interface entre a neuropsicologia a psicopatologia. É uma área do conhecimento que busca investigar as correspondências ou relações entre as regiões cerebrais e as funções cognitivas com psicopatologias já estabelecidas.

Durante mais de cem anos, a neurologia e a psiquiatria seguiram caminhos separados. A neurologia, por um lado, ocupa-se essencialmente de doenças do cérebro detectáveis organicamente, como inflamações, infecções, perturbações metabólicas, hemorragias ou tumores. A psiquiatria, por outro lado, concentra-se nos sintomas "mentais" e tenta compreendê-los e tratá-los independentemente do cérebro.[1]

Sigmund Freud, foi um médico Neuropsiquiatra. Na altura em que se formou a psiquiatria e a neurologia eram uma só especialidade. Era como se dizia em alemao, "Nervenarzt". Pode-se afirmar que o desenvolvimento da psicanálise contribui à separacao da neurologia e da psiquiatria.

No entanto, já no século XIX, houve esforços para conceptualizar as doenças psiquiátricas em termos neurológicos. É famosa a afirmação de Wilhelm Griesinger "as doenças mentais são doenças do cérebro". No século XX, houve esforços para abordar a psiquiatria com conceitos neurológicos. A falta de possibilidades de diagnóstico e de terapia (imagiologia, genética, influência directa nas redes neuronais), mas também uma atitude crítica, certamente justificada, em relação a conceitos demasiado materialistas-biologistas, impediram a aproximação entre as disciplinas.[2] Foram sempre excluídas as doenças consideradas claramente neurológicas e que, no entanto, conduzem indiscutivelmente a défices cognitivos, emocionais e comportamentais: Epilepsia, doenças neurodegenerativas (por exemplo, doença de Alzheimer, demência frontotemporal e doença de Huntington) e perturbações dos gânglios da base (por exemplo, doença de Parkinson, síndroma de Gilles-de-la-Tourette, PANS/PANDAS).

Implícita nesta definição está a primazia da neurociência e da neurobiologia na prática da neuropsiquiatria, e a sua essência como disciplina académica. É importante notar que a neuropsiquiatria rejeita o postulado cartesiano do dualismo entre mente e cérebro, optando por adoptar uma abordagem integrativa das perturbações neuropsiquiátricas. A neuropsiquiatria considera a mente como uma propriedade emergente do cérebro e considera que todas as perturbações mentais são também perturbações cerebrais, embora aceite que os fenómenos mentais não podem frequentemente ser reduzidos a fenómenos neurais. Os neuropsiquiatras sentem-se à vontade para conceptualizar e relacionar processos psicológicos e neurais. A sua formação exige, por conseguinte, um domínio da psiquiatria, das neurociências e, em certa medida, da medicina geral, a fim de fazer face à complexidade da população de doentes que encontram. Cabe-lhes também o ónus de se manterem a par das descobertas neurocientíficas e das terapias novas e experimentais.[3]

Os progressos da neurociência (cognitiva) permitem cada vez mais compreender as disfunções neuronais da depressão, da psicose, da ansiedade e das compulsões e utilizar os conhecimentos adquiridos no diagnóstico e na terapia.

Isto não significa, no entanto, que a neuropsiquiatria parta do princípio de que todas as perturbações mentais têm uma causa essencialmente biológica, mas que a cada estado mental corresponde um correlato neuronal. A neuropsiquiatria também não significa que os métodos psicoterapêuticos não possam ser utilizados. Com efeito, as intervenções psicológicas também têm um efeito sobre as redes neuronais e podem assim corrigir disfunções.

  1. Yudofsky, Stuart C.; Hales, Robert E. (agosto de 2002). «Neuropsychiatry and the Future of Psychiatry and Neurology». American Journal of Psychiatry (8): 1261–1264. ISSN 0002-953X. doi:10.1176/appi.ajp.159.8.1261. Consultado em 6 de maio de 2023 
  2. Boller, François; Dalla Barba, Gianfranco (2006). «The Evolution of Psychiatry and Neurology». Totowa, NJ: Humana Press: 11–15. ISBN 978-1-58829-483-8. Consultado em 6 de maio de 2023 
  3. Sachdev, PerminderS; Mohan, Adith (2013). «Neuropsychiatry: Where are we and where do we go from here?». Mens Sana Monographs (em inglês) (1). 4 páginas. ISSN 0973-1229. doi:10.4103/0973-1229.109282. Consultado em 6 de maio de 2023 

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