Parasitismo

Opilião parasitado por ácaros

Parasitismo é uma relação de alto grau de proximidade entre dois seres vivos, na qual um organismo vive dentro de ou sobre outro, com o parasita tendo um metabolismo dependente de e podendo causar dano no hospedeiro.[1] No entanto, o grau de prejuízo ao hospedeiro é muito variável, de acordo com o ambiente em que os dois organismos interagentes se encontram e quais são as espécies em questão.[2] É importante salientar que a sobrevivência do hospedeiro interessa o parasita, o qual depende dele de alguma forma. Logo, a morte do hospedeiro representaria a morte do parasita também. Porém, é possível que dependendo da fase de vida em que se encontra o organismo parasita, este consiga se reproduzir antes da morte de seu hospedeiro e, assim, perpetuar a espécie, como ocorre com Plasmodium.[3]

Existem diferentes estratégias de parasitismo, de acordo com o grau de proximidade entre as duas espécies e a interação entre elas. A princípio, uma distinção pode ser realizada entre endo- e ectoparasitas, respectivamente correspondentes àqueles que vivem dentro do corpo do hospedeiro ou somente em sua superfície[4]. Quando os parasitos colonizam um hospedeiro, diz-se que este abriga uma infecção. Somente se a infecção ocasiona sintomas claramente prejudiciais ao hospedeiro pode-se dizer que este tem uma doença. Patógeno é o termo que pode ser aplicado a qualquer parasito que provoca uma doença (ou seja, ele é patogênico).[5]

De um ponto de vista ecológico, o parasitismo, assim como a predação, é uma relação na qual um organismo é beneficiado às custas de outro, que passa a ser tratado como um recurso. Desta forma, o parasita aumenta sua própria aptidão enquanto reduz a deu hospedeiro, seja por roubo de recursos, seja pelo uso de um organismo como hospedeiro intermediário/secundário até que atinjam o outro hospedeiro definitivo/primário. No entanto, as principais diferenças entre esta relação ecológica e a predação incluem o fato dos parasitas tenderem a ser muito menores que seus hospedeiros, além de não os matarem e viverem dentro de ou sobre outro organismo por períodos de tempo estendidos.[6] No geral, é comum que parasitas sejam altamente especializados e, especialmente em animais, reproduzem em taxas maiores que seus hospedeiros. Exemplos disso incluem pulgas e tênias que parasitam vertebrados. Vale ressaltar que esta interação ecológica, presente nos mais diversos filos e grandes grupos de seres vivos, pode ser interpretada com saprofítica ou até mesmo tornar-se mutualística, de acordo com os seres em questão, o ambiente em que habitam e o contexto em que ocorre tal relação.

É muito comum que o ser humano seja hospedeiro de parasitas, sejam eles vírus, bactérias, protozoários (como Plasmodium) até invertebrados diversos (tênias, lombrigas, carrapatos, etc.). Como parasitas podem interagir com muitas espécies, é comum que sejam vetores de patógenos, por exemplo Aedes aegypti, transmissor de diversos vírus causadores de doenças em humanos. Em termos científicos, apesar da medicina já tratar destes seres, a parasitologia como área propriamente dita surgiu e se desenvolveu ao longo do século XIX.[7] Culturalmente, o termo "parasita" é tratado como tendo conotações negativas.

  1. Poulin, Robert (1 de janeiro de 2007). Evolutionary Ecology of Parasites: Second Edition. [S.l.]: Princeton University Press 
  2. Ferreira et al. Parasitismo não é doença parasitária. Norte Ciência, vol. 3, n. 1, p. 200-221, 2012.
  3. Florens, Laurence; Washburn, Michael P.; Raine, J. Dale; Anthony, Robert M.; Grainger, Munira; Haynes, J. David; Moch, J. Kathleen; Muster, Nemone; Sacci, John B. (outubro de 2002). «A proteomic view of the Plasmodium falciparum life cycle». Nature (em inglês) (6906): 520–526. ISSN 0028-0836. doi:10.1038/nature01107. Consultado em 12 de março de 2023 
  4. Moller, A. P.; Christe, P.; Lux, E. (março de 1999). «Parasitism, Host Immune Function, and Sexual Selection». The Quarterly Review of Biology (em inglês) (1): 3–20. ISSN 0033-5770. doi:10.1086/392949. Consultado em 12 de março de 2023 
  5. Alberts, Bruce; Johnson, Alexander; Lewis, Julian; Raff, Martin; Roberts, Keith; Walter, Peter (31 de dezembro de 2007). «Molecular Biology of the Cell». doi:10.1201/9780203833445. Consultado em 12 de março de 2023 
  6. Raffel, Thomas R.; Martin, Lynn B.; Rohr, Jason R. (1 de novembro de 2008). «Parasites as predators: unifying natural enemy ecology». Trends in Ecology & Evolution (em English) (11): 610–618. ISSN 0169-5347. PMID 18823679. doi:10.1016/j.tree.2008.06.015. Consultado em 12 de março de 2023 
  7. Cox, F. E. G. (outubro de 2002). «History of Human Parasitology». Clinical Microbiology Reviews (em inglês) (4): 595–612. ISSN 0893-8512. PMC PMC126866Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 12364371. doi:10.1128/CMR.15.4.595-612.2002. Consultado em 12 de março de 2023 

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