Poema

Poema "Tabacaria", de Fernando Pessoa
"Um poema é a forma que encorpa e poesia".
Desenho de Álvares de Azevedo
Álvares de Azevedo foi um dos principais poetas brasileiros.

Um poema é um texto que procura transmitir um conteúdo subjetivo - experiências, pensamentos e afetos - por meio da voz de um eu lírico, em linguagem figurada e com um ritmo verbal. Geralmente, é escrito em versos, mas pode ser também escrito em prosa. Na definição de Afrânio Coutinho, é "a forma que encorpa a poesia".[1]



SE EU MORRESSE AMANHÃ
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o doloroso afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

Álvares de Azevedo [2]

No exemplo acima, o eu lírico procura transmitir a tensão entre a paixão pela vida e o desejo pela morte. Para isso, faz uso de diversos tropos - como "dor no peito", "fechar meus olhos" etc. -, que garantem ao texto imagens vivas que retratem o corpo do conteúdo. Além disso, emprega também diversos artifícios rítmicos - como rimas, versos métricos, assonâncias, aliterações etc. - que emprestam às palavras um aspecto musical.

Fortemente relacionado com a música, o poema tem as suas raízes históricas nas letras de acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média, os poemas eram predominantemente cantados. A partir do Renascimento - precisamente a partir dos humanistas italianos, como Francisco Petrarca e Dante Alighieri -, os poemas para recitar passaram a ser fortemente cultivados, mas desde a Antiguidade já existiam exemplos de poemas sem acompanhamento musical, como em alguns salmos bíblicos e em algumas odes de Horácio.

Pelo que sabemos, os poemas existem desde antes da escrita. Foi cultivado em muitas culturas, como na hebraica, egípcia e mesopotâmica, e em algumas, como na grega, o poema foi a forma predominante de literatura.[3]

  1. Coutinho, Afrânio dos Santos (2015). Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Vozes. p. 82. ISBN 978-85-326-3747-5 
  2. AZEVEDO, Álvares de (2012). Lira dos vinte anos. São Paulo: Martin Claret. pp. 228–229. ISBN 978-85-7232-342-0 
  3. «O que são poemas? Como e quando surgiram?». Consultado em 21 de maio de 2023 

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