Revolta Paulista de 1924

Revolta Paulista de 1924
Tenentismo

No topo: incêndios em São Paulo. • No meio à esq.: posição de metralhadora em Vila Mariana. • No meio à dir.: Cotonifício Crespi danificado pelos bombardeios. • Em baixo à esq.: efeitos de um ataque aéreo. • Em baixo à dir.: soldados no telhado do 1.º Batalhão da Força Pública.
Data 5 – 28 de julho de 1924 (capital)

Julho – setembro de 1924 (interior)

Local São Paulo e sul de Mato Grosso
Desfecho
Beligerantes
Revoltosos tenentistas Legalistas
Comandantes
Unidades
Divisão Revolucionária[2] (vide ordem de batalha)
Forças
Em 5 de julho:
  • Mil homens

Meados do mês:

  • 3–3,5 mil homens[a]
  • 26 canhões[b]
Em 5 de julho:
  • Mil homens

Meados do mês:

  • 14–15 mil homens [c]
  • 3,5 mil homens no interior[d]
  • 2 mil homens em Mato Grosso[4]
  • > 100 canhões[5]
  • 10 aviões[6]
  • 11 carros de combate[7]
No mínimo 503 mortos e 4 846 feridos dentro da capital, vide danos materiais e humanos

A Revolta de 1924 em São Paulo (também chamada de Revolta Paulista, Revolução ou Movimento de 1924, Segundo 5 de Julho e Rebelião de 1924 em São Paulo) foi um conflito brasileiro com características de guerra civil, deflagrado por militares tenentistas para derrubar o governo federal de Artur Bernardes. Iniciado na cidade de São Paulo em 5 de julho, o movimento expandiu-se ao interior e inspirou levantes em outros estados. O combate urbano concluiu numa vitória legalista em 28 de julho. A retirada dos rebeldes, até setembro, deu continuidade ao movimento com a Campanha do Paraná.

O núcleo conspiratório por trás da revolta era de oficiais do Exército, veteranos da Revolta dos 18 do Forte, de 1922, aos quais se associaram militares da Força Pública de São Paulo, baixas patentes e civis, todos inimigos do sistema político da República Velha. Eles escolheram o general reformado Isidoro Dias Lopes como seu comandante e planejaram um movimento de dimensão nacional, começando com a ocupação em poucas horas de São Paulo, cortando um dos braços das oligarquias que dominavam o país na política do café com leite. O plano desandou, houve menos adesões do que o esperado e os legalistas resistiram no centro da cidade até 8 de julho, quando o governador Carlos de Campos retirou-se para a estação de Guaiaúna, na periferia. O governo federal concentrou grande parte do poder de combate do país na cidade, com uma vantagem numérica de cinco para um, e começou uma reconquista pelos bairros operários a leste e sul do centro, às ordens do general Eduardo Sócrates.

O maior parque industrial do país teve suas fábricas paralisadas pela luta, a mais intensa já travada dentro de uma cidade brasileira. Faltaram alimentos e, no vácuo de poder, começaram saques populares aos armazéns. Os legalistas desferiram um bombardeio indiscriminado de artilharia, com pesados danos para as residências, indústrias e os habitantes. Os civis foram a maioria dos mortos, e um terço dos habitantes tornaram-se refugiados. A elite econômica paulista, liderada por José Carlos de Macedo Soares, presidente da Associação Comercial, fez o possível para conservar suas propriedades e a ordem na cidade. Temendo uma revolução social, ela influenciou o distanciamento dos líderes da revolta a movimentos operários, como os anarquistas, que haviam oferecido seu apoio; Macedo Soares e outros também tentaram, sem sucesso, intermediar um cessar-fogo.

Sem perspectivas de sucesso em batalha, os rebeldes ainda tinham uma rota de fuga para o território ocupado de Campinas a Bauru, mas ela estava prestes a ser cortada por vitórias legalistas no eixo de Sorocaba. O exército revolucionário escapou do cerco iminente e transferiu-se às margens do rio Paraná. Após uma invasão frustrada ao sul de Mato Grosso (a Batalha de Três Lagoas), entrincheiraram-se no oeste do Paraná, onde se uniram a revoltosos do Rio Grande do Sul para formar a Coluna Miguel Costa-Prestes. O governo restabeleceu o estado de sítio e intensificou a repressão política, prenunciando o aparato usado mais tarde pelo Estado Novo e a ditadura militar; em São Paulo, criou-se uma Delegacia de Ordem Política e Social (Deops). Apesar da dimensão dos combates, da destruição causada e das consequências políticas, o movimento ganhou o apelido de “Revolução Esquecida” e não tem comemorações públicas equivalentes às realizadas para a Revolução Constitucionalista de 1932.

  1. Savian 2020, p. 95.
  2. Santos 2013, p. 76.
  3. Costa & Góis 1924, p. 119.
  4. Ferreira 2014, p. 252.
  5. Costa & Góis 1924, p. 193.
  6. INCAER 1990, p. 117.
  7. Santos 2013, p. 38.


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