Septuaginta

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Fragmento de uma Septuaginta: Uma coluna uncial do livro de 1 Esdras no Codex Vaticanus c. 325–350, base da edição grega de Lancelot Charles Lee Brenton
Fragmento de uma Septuaginta: Uma coluna uncial do livro de 1 Esdras no Codex Vaticanus c. 325–350, base da edição grega de Lancelot Charles Lee Brenton

Fragmento de uma Septuaginta: Uma coluna uncial do livro de 1 Esdras no Codex Vaticanus c. 325–350, base da edição grega de Lancelot Charles Lee Brenton
Nome Septuaginta
Data c. séc. III a.C.
Escrito grego coiné
Tipo códice
Nota também conhecido como Antigo Testamento grego

Septuaginta é a versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas para o grego coiné, entre o século III a.C. e o século I a.C., em Alexandria.[1] Dentre outras tantas, é a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego, lingua franca do Mediterrâneo oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande. A Septuaginta, desde o século I, tornou-se a versão clássica da Bíblia para os cristãos de língua grega[2] e foi usada como base para diversas traduções da Bíblia.

A tradução ficou conhecida como a Versão dos Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), devido a uma antiga lenda sobre sua origem. A lenda aparece na Carta de Aristeias, obra pseudoepígrafe do século II a.C.,[3] cujo narrador seria um membro da corte de Ptolomeu II Filadelfo no século anterior e a teria escrito a um tal Filócrates como um prólogo à Septuaginta. Nessa lenda, setenta e dois eruditos judeus (seis de cada uma das doze tribos)[2] trabalharam nela e, segundo a tradição, teriam completado a tradução em setenta e dois dias. Apesar de trabalharem individualmente, o produto final teria concordado entre si. Embora o relato tenha sido considerado fictício,[4] o nome Septuaginta popularizou.

Em sentido estrito, a Seputaginta se refere a uma família de manuscritos em versões gregas.[1] Essa coleção de livros bíblicos foi baseada tanto em uma família de manuscritos hebraicos por tempos perdidos e alguns livros compostos originalmente em grego. O texto-base hebraico subjacente (ou Vorlage) à Seputaginta pode ser atestado com a descoberta dos manuscritos do Mar Morto, quando várias leituras de diversos versos concordam entre si e divergem do Texto Massorético, a versão da Bíblia hebraica padronizada no século IX d.C. Além dessas concordâncias isoladas de versos, entre os manuscritos do Mar Morto foram encontrados quatro livros 4QDeut-q, 4QSam-a, 4QJer-b e 4QJer-d que coincidem da família da Vorlage da Septuaginta.[1]

A análise linguística e textual demonstrou que o Pentateuco (os cinco primeiros livros) foram produzidos nos meados do século III a.C. e os outros livros nos quatro séculos seguintes. Por essa razão, em sentido técnico estrito, atualmente a sigla LXX refere-se ao Pentateuco e a sigla LXX* ao conjuto não revisado de textos da Septuaginta.[5] Em sentido estrito, outros livros da Septuaginta são chamados de Old Greek (OG), por suas recensões e revisões posteriores, como a de Teodotion (kaige-Th), de Luciano de Antioquia (GL), Hesíquio de Alexandria e a Héxapla de Orígenes. Mais tarde, outras versões gregas apareceram competindo com a Septuaginta, como a de Áquila de Sinope (Aq) e a de Símaco, o Ebionita (Symm), mas mesmo assim reproduz muito da fraseologia e das leituras da Seputaginta.

Estudiosos como Jones e Silva, defensores da Septuaginta e escritores do proeminente livro Invitation to Septuagint (Convite à Septuaginta), expressam, em duas ocasiões, a necessidade de precisar quais versões da Seputaginta a que se refere,[5] alertando ao leitor que na verdade não existe uma só Septuaginta, pois estritamente falando, não existe um único livro ou versão chamados de Septuaginta, mas sim o conjunto de versões de livros diversos que compõem a coleção dessa família textual.

A Septuaginta inclui alguns livros não encontrados na bíblia hebraica. Muitas bíblias da Reforma Protestante seguem o cânone judaico e excluem estes livros adicionais. Entretanto, católicos romanos incluem alguns destes livros em seu cânon e as Igrejas ortodoxas usam todos os livros conforme a Septuaginta. Anglicanos, assim como a Igreja oriental, usam todos os livros exceto o Salmo 151, e a bíblia do rei Jaime em sua versão autorizada inclui estes livros adicionais em uma parte separada chamada de Apocrypha.

A Septuaginta foi tida em alta conta nos tempos antigos. Fílon de Alexandria considerava-a divinamente inspirada. Além das traduções latinas antigas, a Septuaginta também foi a base para as versões em eslavo eclesiástico, para a Héxapla de Orígenes (parte) e para as versões armênia, eslava eclesiástica, georgiana e copta do Antigo testamento. De grande significado para muitos cristãos e estudiosos da Bíblia, é citada no Novo Testamento e pelos Padres da Igreja. Muito embora judeus não usassem a Septuaginta desde o século II, recentes estudos acadêmicos trouxeram um novo interesse sobre o tema nos estudos judaicos. Alguns dos pergaminhos do Mar Morto sugerem que o texto hebraico pode ter tido outras fontes que não apenas aquelas que formaram o texto massorético. Em vários casos, estes novos textos encontrados estão de acordo com a LXX. Os mais antigos códices da LXX (Vaticanus e Sinaiticus) datam do século IV.

  1. a b c Jennifer M. Dines, The Septuagint, Michael A. Knibb, Ed., London: T&T Clark, 2004.
  2. a b HINNELLS, John (1984). Dicionário das Religiões. 1 1 ed. São Paulo: Círculo do Livro. p. 245. 378 páginas 
  3. Jellicoe, Sidney.The Septuagint and Modern Study, 1993, p.31.
  4. TCHERIKOVER, Victor. The ideology of the letter of Aristeas. Harvard Theological Review, v. 51, n. 2, p. 59-85, 1958.
  5. a b Invitation to Septuagint, 2000, Dr. Jones and Dr. Silva

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