Sufismo

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O sufismo (em árabe: تصوف; romaniz.: tasawwuf; em persa: صوفی‌گری; romaniz.: Sufi gari) é conhecido como a corrente mística e contemplativa do Islão. Os praticantes do sufismo, conhecidos como sufis, procuram desenvolver uma relação íntima, direta e contínua com Deus, utilizando-se das práticas espirituais transmitidas pelo profeta Maomé, com destaque para o zikr (a lembrança de Deus), orações e jejuns. Também incorpora práticas, como cânticos, música e movimentos, cuja legalidade é objeto de divergência de opinião entre teólogos e jurisprudentes islâmicos, de diversos países islâmicos, na interpretação da sharia, a lei divina.

A ascensão da civilização islâmica coincide fortemente com a disseminação da filosofia sufi no islamismo.[1] A disseminação do sufismo foi considerada um fator definitivo na disseminação do Islã e na criação de culturas islâmicas integrais, especialmente na África[2] e na Ásia. Entre os grandes representantes da mística islâmica, incluem-se sufis iniciais como Rabia de Baçorá, santa do século VIII; além de Haçane de Baçorá, Junaide de Bagdá, Bajazeto de Bastam e Dulnune do Egito; o místico Almançor Alhalaje, martirizado em Bagdá no século X por ter dito, em estado de êxtase, "Eu sou a Verdade"; o grande sufi metafísico Ibn Arabi (século XIII), autor de diversas obras influentes, entre elas as "Revelações de Meca"; Algazali, Rumi, Suhrawardi, Attar, os xeiques Shadhili, Darqawi, al-Alawi, entre outros. Poetas e filósofos sufistas como Ibn Arabi,[3] Khoja Akhmet Yassawi, Rumi e Attar de Nixapur aumentaram bastante a disseminação da cultura islâmica na Anatólia, Ásia Central e Sul da Ásia.[4][5]

O Tasawwuf, palavra árabe que designa o misticismo e esoterismo islâmicos, é conhecido no Ocidente como sufismo. Há duas correntes principais de entendimento islâmico: o sunismo e o xiismo, sendo que o sufismo é observado com mais vigor na corrente sunita.[6] As ordens sufis (turuq) podem estar associadas ao Islão sunita ou xiita, pois não se trata de uma divisão dentro do Islão, mas sim a uma visão interior (esotérica) da vida e do ser.[7] O pensamento sufi se fortaleceu no Médio Oriente no século VIII e hoje encontra-se por todo o mundo. Na Indonésia, assim como muitos outros países da Ásia, Oriente Médio e África, o islamismo foi introduzido através das ordens sufis.

Entre as confrarias sufis mais conhecidas no Ocidente contemporâneo, destacam-se a Mevlevya, estabelecida por Rumi em Kônia, na Turquia, no século XIII; a Shadilyia, estabelecida também no século XIII pelo xeique ("mestre espiritual") magrebino Iman Shadili; a tarica Alawyia, fundada pelo xeique Ahmad al-Alawi no início do século XX, em Mostaganem, Argélia.[8]

Em resumo, o sufismo é um ramo do conhecimento no Islão, que trata dos aspectos internos da prática e da ética religiosas. Por aspectos internos, entenda-se o que se refere não somente às intenções, sentimentos e consciência, mas também aos aspectos mais intensos e profundos da espiritualidade, e em última instância ao coração.

  1. Cf. Ordens Sufis no Islã : Iniciação às Confrarias Esotéricas muçulmanas no Irã xiita e no mundo sunita, p. 13 (São Paulo, Polar, 2020).
  2. Para a era pré-moderna, consulte Vincent J. Cornell, Realm of the Saint: Power and Authority in Moroccan Sufism, ISBN 978-0-292-71209-6; and for the colonial era, Knut Vikyr, Sufi and Scholar on the Desert Edge: Muhammad B. Oali Al-Sanusi and His Brotherhood, ISBN 978-0-8101-1226-1.
  3. Hirtenstein, Stephen. (1999). O Compassivo Ilimitado. ISBN 9781905937387.
  4. Leonard Lewisohn, The Legacy of Medieval Persian Sufism, Khaniqahi-Nimatullahi Publications, 1992.
  5. Seyyed Hossein Nasr, Islam: Religion, History, and Civilization, HarperSanFrancisco, 2003. (Ch. 1)
  6. SILVA FILHO, Mário Alves da. A Mística Islâmica em Terræ Brasilis: o Sufismo e as Ordens Sufis em São Paulo Arquivado em 14 de abril de 2015, no Wayback Machine.. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). São Paulo: PUC/SP, 2012.
  7. Ver Ordens Sufis no Islã : Iniciação às Confrarias Esotéricas muçulmanas no Irã xiita e no mundo sunita, p. 31 (Polar, 2020).
  8. Mateus Soares de Azevedo: Iniciação ao Islã e Sufismo. Rio de Janeiro, Record, 2002

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