Trindade (cristianismo)

 Nota: "Trinitário" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Ordem da Santíssima Trindade.
A Trindade é a crença de que Deus é um Deus em três pessoas: o Pai, o Filho (Jesus) e o Espírito Santo.Na imagem, o Escudo da Trindade.

A Trindade (do latim trinitas "tríade", de trinus "tripla")[1] é uma doutrina cristã desenvolvida entre os séculos II e IV D.C, que define Deus como três pessoas consubstanciais,[2] expressões ou hipóstases:[3] o Pai (YHWH), o Filho (Jesus Cristo) e o Espírito Santo; "um Deus em três pessoas". As três pessoas são distintas, mas são uma "substância, essência ou natureza".[4] Neste contexto, a "natureza" é o que se é, enquanto a "pessoa" é quem se é.[5][6][7]

De acordo com a doutrina central da maioria das religiões cristãs,[8] existe apenas um Deus em três pessoas. Apesar de distintas uma da outra nas suas relações de origem (como o Quarto Concílio de Latrão declarou, "é o Pai quem gera, o Filho quem é gerado e o Espírito Santo quem realiza"), nas suas relações uns com os outros são considerados como um todo, coiguais, coeternos e consubstanciais, e "cada um é Deus, completo e inteiro".[9] Assim, toda a obra da criação e da graça é vista como uma única operação comum de todas as três pessoas divinas, em que cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade, de modo que todas as coisas são "a partir do Pai", "através do Filho" e "no Espírito Santo".[10][11]

Após controvérsias quanto ao conceito da divindade de Jesus entre alguns cristãos, como o presbítero Ário e o bispo, Alexandre de Alexandria, a doutrina passou a ser discutida entre a Igreja e Roma durante o Primeiro Concílio de Niceia em 325 D.C, solicitado pelo imperador Romano Constantino. O concílio declarou que o Filho era verdadeiro Deus, co-eterno com o Pai e gerado de sua mesma substância, argumentando que tal doutrina codificava melhor a apresentação bíblica do Filho, assim como a crença cristã tradicional sobre ele transmitida pelos apóstolos. Essa crença foi expressa pelos bispos no Credo de Niceia, que formou a base do que é conhecido atualmente como Credo Niceno-Constantinopolitano.[12]

Em Niceia, questões relativas ao Espírito Santo foram deixadas, em grande parte, sem solução e assim permaneceram pelo menos até que o relacionamento entre o Pai e o Filho ter sido resolvido por volta do ano 362.[13] Assim, a doutrina em uma forma mais completa foi formulada no Sínodo regional de Constantinopla em 360,[14] e uma forma final foi formulada em 381 no Concílio de Constantinopla, primariamente trabalhada por Gregório de Nissa.[15]

A doutrina não atingiu sua forma definitiva até o final do quarto século.[16] Durante o período várias soluções tentativas foram propostas, algumas mais e outras menos satisfatórias.[17] O trinitarismo contrasta com as posições antitrinitárias, que incluem o binitarianismo (uma deidade em duas pessoas, ou duas deidades), com o unitarismo (uma deidade em uma pessoa, análogo à interpretação judia da Shema e à crença muçulmana no Tawhid) e com o pentecostalismo unitarista ou sabelianismo (uma deidade manifestada em três aspectos separados).[18][19][20]

  1. «trinity». www.oxforddictionaries.com. Consultado em 4 de janeiro de 2016. Cópia arquivada em 20 de agosto de 2016 
  2. The Family Bible Encyclopedia, 1972. p. 3790.
  3. Ver discussão em  Herbermann, Charles, ed. (1913). «Person». Enciclopédia Católica (em inglês). Nova Iorque: Robert Appleton Company 
  4. Definição do Quarto Concílio de Latrão citada no Catechism of the Catholic Church, 253 (em inglês)
  5. «Frank Sheed, ''Theology and Sanity''» (em inglês). Ignatiusinsight.com. Consultado em 3 de novembro de 2013. Cópia arquivada em 30 de julho de 2018 
  6. «Understanding the Trinity» (em inglês). Credoindeum.org. 16 de maio de 2012. Consultado em 3 de novembro de 2013. Arquivado do original em 25 de janeiro de 2016 
  7. «Baltimore Catechism, No. 1, Lesson 7» (em inglês). Quizlet.com. Consultado em 3 de novembro de 2013 
  8. «Catechism of the Catholic Church, 234» (em inglês) 
  9. Coppens, Charles, S.J. (1903). A Systematic Study of the Catholic Religion (em inglês). St. Louis: B. HERDER. Consultado em 8 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 4 de março de 2016 
  10. «Catechism of the Catholic Church, 253–267: The dogma of the Holy Trinity» (em inglês) 
  11. Anatolios 2011, p. 44
  12. González 1984, p. 165
  13. Fairbairn 2009, pp. 46–47
  14. Socrates, Book 2, Chapter 41
  15. Gregory of Nyssa, The Great Catechism ch. 3 in Schaff, Ante-Nicene, supra, 477
  16. McGrath, Alister E. Christian Theology: An Introduction Blackwell, Oxford (2001) p.324. (em inglês)
  17. Kelly, J.N.D. Early Christian Doctrines A & G Black (1965) p. 88. (em inglês)
  18. Emery, Gilles, O.P.; Levering, Matthew, eds. (2012). The Oxford Handbook of the Trinity (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 978-0199557813 
  19. Holmes, Stephen R. (2012). The Quest for the Trinity: The Doctrine of God in Scripture, History and Modernity (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 9780830839865 
  20. Tuggy, Dale (verão de 2014), «Trinity (History of Trinitarian Doctrines)», Stanford Encyclopedia of Philosophy (em inglês) 

© MMXXIII Rich X Search. We shall prevail. All rights reserved. Rich X Search